sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

A crueldade fraternal. (De volta)

 

Todos esses meus meus esforços para escrever artigos me conduzem a alguns temas que eu coloquei anos e anos e que agora me interessa retornar.O primeiro tema são os estudos sobre o Marquês de Sade. E diante da realidade em que vivemos cotidianamente,em que o mal prevalece sobre o bem, temos que recorrer a estes ensaios sobre o Marquês para poder entendê-la.

Eu já falei em outra ocasião que todas as transgressões expostas nos livros do Marquês de Sade são na verdade para dar legitimidade e autenticidade ao que ele discute. As transgressões servem para provar a sua vinculação com essa doença e com esse problema do sadismo ,mas ele tem uma discussão,pensamento, em torno disso.

O mundo é sádico porque nós vivemos uma realidade em que a parte que usufrui da felicidade convive com os que não;aqueles que vivem no bem-estar convivem com os que passam por torturas indescritiveis no seu dia a dia.

Torturas,não só em decorrência da violência e insegurança,mas igualmente pela condição econômica da sociedade,em que uns vivem no bem-estar e outros não.

O meu olhar é o de Fernando Peixoto ,que escreveu uma boa biografia do Marquês e associou,muito acertadamente, a questão do sadismo com a questão social,com a opressão e a carência absurda que faz os homens se desdobrarem em atividades nem sempre justas e corretas para obter miseros cobres e poder comer uma vez por dia,como se estivessem em campos de concentração e extermínio,nos quais metade de um pão era dada aos prisioneiros ,por dia,para trabalhar até a exaustão e...a morte.

Então nós temos duas realidade que convivem e não se ouvem,com alguma exceção ,o que muito agradaria ao marquês,sabendo que suas ideias correspondem à realidade.

Na verdade toda a sociedade sabe destes dois lados, o que é a pedra de toque do sadismo:aquele que acorda de manhã faminto e o que acorda com um lauto café.

Fico vendo estas imagens e adaptações do ser humano diante desta situação sádica.