quinta-feira, 26 de abril de 2018

Meu encontro com Freud


Freud e a carta sobre a homoafetividade


Em 1935 Freud respondeu ,com uma carta,a uma mãe que queria que o sábio curasse seu filho da homossexualidade.Eis a resposta:
19 de abril de 1935
Minha querida Senhora,
Lendo a sua carta, deduzo que seu filho é homossexual. Chamou fortemente a minha atenção o fato de a senhora não mencionar este termo na informação que acerca dele me enviou. Poderia lhe perguntar por que razão? Não tenho dúvidas que a homossexualidade não representa uma vantagem, no entanto, também não existem motivos para se envergonhar dela, já que isso não supõe vício nem degradação alguma.
Não pode ser qualificada como uma doença e nós a consideramos como uma variante da função sexual, produto de certa interrupção no desenvolvimento sexual. Muitos homens de grande respeito da Antiguidade e Atualidade foram homossexuais, e dentre eles, alguns dos personagens de maior destaque na história como Platão, Michelangelo, Leonardo da Vinci, etc. É uma grande injustiça e também uma crueldade, perseguir a homossexualidade como se esta fosse um delito. Caso não acredite na minha palavra, sugiro-lhe a leitura dos livros de Havelock Ellis.
Ao me perguntar se eu posso lhe oferecer a minha ajuda, imagino que isso seja uma tentativa de indagar acerca da minha posição em relação à abolição da homossexualidade, visando substituí-la por uma heterossexualidade normal. A minha resposta é que, em termos gerais, nada parecido podemos prometer. Em certos casos conseguimos desenvolver rudimentos das tendências heterossexuais presentes em todo homossexual, embora na maioria dos casos não seja possível. A questão fundamenta-se principalmente, na qualidade e idade do sujeito, sem possibilidade de determinar o resultado do tratamento.
A análise pode fazer outra coisa pelo seu filho. Se ele estiver experimentando descontentamento por causa de milhares de conflitos e inibição em relação à sua vida social a análise poderá lhe proporcionar tranqüilidade, paz psíquica e plena eficiência, independentemente de continuar sendo homossexual ou de mudar sua condição.
Se você mudar de idéia ele deve ser analisado por mim – eu não espero que você vá – ele terá de vir a Viena. Não tenho a intenção de sair daqui. No entanto, não deixe de me responder.
Sinceramente meus melhores desejos, 
Freud
Independentemente de qualquer coisa  Freud demonstra espírito científico ao dizer  que não tem certeza de prometer a ela o que pede e diz também que em todo homossexual existem traços de heterossexualidade.A experiência humana é única,inteira.revelando mais um traço essencial sobre o homem,que não está “ partido” ao meio,entre bem e mal,mas entre bem-estar e mal-estar.
Freud se preocupa a partir daí em ajudar na pacificação pessoal do possível paciente,que é tarefa básica de todo médico:o médico minimiza o sofrimento.Ele não cura.Quem cura é o descobridor da cura, o biólogo que acha a causa de uma enfermidade.O médico ministra a cura e minimiza o sofrimento da pessoa.
Após muitos anos de separação em relação a  Freud ,voltei a estudá-lo,compreendendo o seu papel histórico,coisa que eu já tratei aqui em outros artigos.
E foi Freud quem mudou o termo do século XIX “ homossexualidade”,para “ homoafetividade”,ressaltando o aspecto amoroso,mais importante do que o sexual,do que a genitália.

http://www.hypeness.com.br/wp-content/uploads/2017/09/Freud1.jpg


Nenhum comentário:

Postar um comentário