Meu
encontro com Freud só
O
ponto de partida destas minhas reflexões foi o primeiro artigo que fiz neste
blog e que relembro agora:tratava de um episódio da vida de Freud,na qual seu
pai,Jacob ,lhe garantia privilégios familiares,uma vez percebendo os seus dotes,revelados
desde a adolescência.Naquela ocasião eu relacionava esta decisão com a questão
da relação comunismo e desigualdade.
Agora
eu faço disto um ponto de partida para o meu trabalho total com Freud,quer
dizer a baliza fundamental que orienta as minhas pesquisas em Freud.Mas,naturalmente a partir de outras premissas e relações.
A
família,as relações entre os irmãos;a família como célula da sociedade,onde
está o inicio da troca simbólica fundamental que gera a sociedade e o
aprendizado dos valores.
Sempre
me impressionou a capacidade de
Jacob,judeu muitas vezes humilhado nas ruas de sua cidade,de tomar o caminho
certo.Todos vão me objetar que era fácil,pois Freud era superdotado,mas existem
outros muito capazes no mundo que sofrem com repressão às suas qualidades intelectuais e mesmo
aqueles que não demonstram aptidões devem merecer uma abordagem
criteriosa,levando em conta a verdade essencial da humanidade,segundo a qual
somos desiguais por natureza.Esta desigualdade,como eu disse no primeiro
artigo,só é aprofundada pela sociedade de classes,mas é inarredável.
A
psicopatologia da vida cotidiana revela o nexo entre a família e a sociedade, a
partir do problema psicológico da inadequação do homem,diante de uma sociedade
sexualmente repressiva e por isso neurótica.
Ao
contato com histéricos no Hospital Salpetriere e à explicação neurológica dos
seus professores,para a doença,Freud respondeu com o caráter “ psicológico”,”
espiritual” destas doenças.Na verdade o mecanismo da neurose é explicado dentro
da subjetividade,libertando de vez a
autonomia do Sujeito.Contudo o Sujeito é produto e produtor das relações
sociais e na sua caminhada histórica adquire mais e mais autonomia,pela prática
e pelo auto-conhecimento,em que,neste último caso,Freud foi decisivo.
A
constatação da inadequação humana, a realidade essencial da frustração como
motor do surgimento da consciência e do amadurecimento,capacitou o homem a
enfrentar os seus problemas mais constrangedores,em vez de desviá-los para
mediações tais como a religião.
Neste
aspecto a psicopatologia da vida cotidiana(livro no qual ,a meu ver,o cotidiano como problema e
mediação de resolução dos impasses humanos é colocado)é um inventário do tempo
comum e cotidiano,onde as doenças
próprias desta inadequação surgem diante do paciente e do analista.
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