domingo, 24 de junho de 2018

Ponto de partida das minhas reflexões sobre Freud


Meu encontro com Freud só


O ponto de partida destas minhas reflexões foi o primeiro artigo que fiz neste blog e que relembro agora:tratava de um episódio da vida de Freud,na qual seu pai,Jacob ,lhe garantia privilégios familiares,uma vez percebendo os seus dotes,revelados desde a adolescência.Naquela ocasião eu relacionava esta decisão com a questão da relação comunismo e desigualdade.
Agora eu faço disto um ponto de partida para o meu trabalho total com Freud,quer dizer a baliza fundamental que orienta as minhas pesquisas em Freud.Mas,naturalmente  a partir de outras premissas e relações.
A família,as relações entre os irmãos;a família como célula da sociedade,onde está o inicio da troca simbólica fundamental que gera a sociedade e o aprendizado dos valores.
Sempre me impressionou  a capacidade de Jacob,judeu muitas vezes humilhado nas ruas de sua cidade,de tomar o caminho certo.Todos vão me objetar que era fácil,pois Freud era superdotado,mas existem outros muito capazes no mundo que sofrem com repressão  às suas qualidades intelectuais e mesmo aqueles que não demonstram aptidões devem merecer uma abordagem criteriosa,levando em conta a verdade essencial da humanidade,segundo a qual somos desiguais por natureza.Esta desigualdade,como eu disse no primeiro artigo,só é aprofundada pela sociedade de classes,mas é inarredável.
A psicopatologia da vida cotidiana revela o nexo entre a família e a sociedade, a partir do problema psicológico da inadequação do homem,diante de uma sociedade sexualmente repressiva e por isso neurótica.
Ao contato com histéricos no Hospital Salpetriere e à explicação neurológica dos seus professores,para a doença,Freud respondeu com o caráter “ psicológico”,” espiritual” destas doenças.Na verdade o mecanismo da neurose é explicado dentro da subjetividade,libertando de vez a  autonomia do Sujeito.Contudo o Sujeito é produto e produtor das relações sociais e na sua caminhada histórica adquire mais e mais autonomia,pela prática e pelo auto-conhecimento,em que,neste último caso,Freud foi decisivo.
A constatação da inadequação humana, a realidade essencial da frustração como motor do  surgimento da consciência  e do amadurecimento,capacitou o homem a enfrentar os seus problemas mais constrangedores,em vez de desviá-los para mediações tais como a religião.
Neste aspecto a psicopatologia da vida cotidiana(livro no qual  ,a meu ver,o cotidiano como problema e mediação de resolução dos impasses humanos é colocado)é um inventário do tempo comum e  cotidiano,onde as doenças próprias desta inadequação surgem diante do paciente e do analista.


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