A
questão da “ saída dos filhos de casa”,é sempre obscurecida por discursos,simulacros
e moralismo ,já que a verdadeira
motivação é sexual e erótica.É o fulcro do conflito de gerações.Os
pais,reprimidos,antes, na família, se vêem diante de filhos na flor da idade e
com uma vida pela frente.Então surgem as justificativas para reprimir,cuja base
é o ressentimento,o recalque.
A
relação dinheiro/poder,a preservação da continuidade da espécie,a maior
experiência dos mais velhos,tudo aparece para esconder a plenitude dos filhos e
o ressentimento dos pais,que já foram jovens e que não admitem romper com estes
elos perversos que percorrem a história da humanidade.
Esta
foi a ordem da humanidade até ao surgimento da sociedade moderna industrial,mas
mesmo nesta em que o projeto contém destruição destas cadeias,o processo de
libertação não é fácil.
O
momento mais radical de tentativa de libertação, foi a década de 60 do século
passado,mas os seus efeitos desejados estão longe ainda.Formou-se uma relativa
consciência desta realidade,que permeia os pais e os filhos,mas o que continua
é a realidade das formas diretas,tradicionais ,de repressão,bem como as
indiretas.
No
passado a constituição da família dos filhos garantia uma saída sob
controle,mas hoje se quer o mesmo,sem ser possível,em face do desemprego,da
falta de trabalho,da falta de perspectiva de gerações tomadas pela droga.
Dentro
deste contexto a exacerbação da pedofilia não é só um fato da exposição única
em nossa época, do problema,mas a constatação de que sempre foi assim.
O
livro famoso de Diderot “ A Religiosa” já demonstrava que as vocações de
sacerdócio impostas eram geradas pelo desejo de reprimir a sexualidade dos
filhos.Um dos aspectos da reforma protestante foi liberar mulheres confinadas
em mosteiros.E assim por diante,as épocas vão sofisticando os meios de
repressão.
Sim,a
pedofilia é uma forma de repressão sobre os filhos,uma forma de não encará-los
,de não reconhecê-los,de atribuir a responsabilidade de procriação aos poderes
deste mundo,que tornam o sentimento familiar e amoroso como parte da
engrenagem.O bastardismo é um fenômeno
psíquico,à disposição dos pais,que só reconhecem os filhos se estes abandonarem
a carência afetiva(como algo normal)pelo poder(pela autoridade dos pais).
O
nascimento humano já é,em grande parte,um ato político de cooptação e corrupção,de
repressão.Não é como Hobbes diz “ nascer” já com o medo do lado,mas com a
perversão.
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