quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Kant e Lênin

 

Kant é ,portanto,como venho mostrando ,o filósofo anti-platônico por excelência,na medida em que ele repudia o papel modelar do filósofo.Neste aspecto Kant rompe também com o idealismo que lhe é atribuído.

Mas a questão aqui deste artigo é exatamente o caráter modelar dos filósofos,ou seja, a sua pretensão intelectual de dirigir a cidade,só pelo fato de terem supostamente uma visão completa ou geral do mundo.

Como Kant limita a atividade intelectual do filósofo à sensibilidade,à percepção,a construção deste modelo não é (mais)possivel,porque ele só se legitima a partir de uma visão racional do mundo.Uma visão racional é uma representação do mundo,não condicionada.Mas na visão de Kant esta representação é limitada pela sensiblidade,pelos sentidos,pela percepção do mundo.

É este o sentido de transcendente em Kant e na filosofia:o modelo não se constitui,porque ele já se limita por algo fora dele e que lhe é essencial.

Relaciono inusitadamente Kant com Lênin neste artigo,porque como se sabe, Lênin preconizou em seus manuais que “ sem teoria revolucionária não há movimento revolucionário”.Evidente que esta teoria tinha como modelo o pensamento de Karl Marx,principalmente em “ O Capital”.

Em última análise a vanguarda dos trabalhadores e os trabalhadores precisam ter esta base para teorizar e atuar no movimento,ser (Hegel)o movimento(dialético?).

A experiência(transcendência)mostra que este processo aparentemente simples proposto por Lênin é quase impossível de realizar ou totalmente impossível para amplas massas realizarem,devido à complexidade desta base e às condições existenciais e educacionais dos trabalhadores.

Então ficou evidente a justeza da formulação de Kant,principalmente no que tange ao direito:as ideias intelectuais ,os modelos(metafísicos?)não jogam um peso especial na construção das constituições,mas eles se interconectam com a experiência (transcendente)dos povos(das nações) e mais do que isto,se subordinam a ela e antes do que tudo,são uma forma de experiência,como outra qualquer.

Os trabalhadores,os cidadãos, vivem nas nações,constituem os povos e é com eles que adquirem,no tempo,a experiência de como funcionam estes povos ,nações e lugares(regiões)sobre os quais atuam e modificam.

É aí que nasce a consciência dos povos e é onde,mesmo aqueles que não têm,por várias razões,condições superiores de entendimento,podem contribuir mentalmente,culturalmente,para a melhoria destas condições e,quiçá,também,da utopia.Não é lendo “O Capital”,mas no seu cotidiano próximo que se forma a consciência.

Marx e Lênin(e Engels)estavam errados quando reduziam o trabalhador à sua condição objetiva de trabalhador,pois que a consciência(transcendente)transcende a esta condição objetiva.

vaa


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