sexta-feira, 17 de novembro de 2023

(meus)comentários ao Capital


Prefácio

A decisão de  escrever livros e artigos sobre o capital não é na verdade uma decisão,mas uma imposição existencial complexa.Eu ouço falar do capital,na minha casa,desde o útero.

E quando caí do berço a situação não foi diferente:ouvia meu pai falar do capital,com o livro,como se fosse uma biblia(ele que se preparara para ser pastor),quase todo dia e tinha,às vezes,que parar o joguinho de botão no chão para ouvi-lo explicar a teoria.

Como consequencia,estudei este livro,intermitentemente,a vida toda.E continuo.E talvez o meu fim terreno me colha ainda nestes estudos...

O Capital é um livro enorme,mas dentro do método e das proposições de Marx não passa de um fragmento e os estudos que lhe correspondem provavelmente o são.

Num determinado momento a compreensão se deu inteiramente ,seguindo os passos do autor e este caminho é um caminho intuitivamente idêntico ao processo racional de construção desta explicação,encetado por Marx desde a Miséria da Filosofia.

Levando em conta a mediação da dialética,que segundo Marx conduz o movimento do real e do capital,são duas as pilastras  do estudo do Capital:o método de abordagem e o objeto propriamente dito,o capital.

Mas se levarmos em conta também que o próprio método está eivado de movimento dialético nós poderiamos pensar que em determinado momento o método e a realidade se tocam e é verdade,mas é aí que os problemas aparecem:porque se é assim ,s e há esta continuidade nós teremos que lembrar o caráter dubio da dialética hegeliano/marxista que confunde o modelo explicativo do tempo com o tempo mesmo.Melhor o movimento.

Se há esta interligação  ela é dialética ou temporal?Marx responderia ser um falso problema,mas ela é um modelo de explicação que explica o movimento ou é o movimento  mesmo?A resposta óbvia a esta questão é que o modo de abordagem não se encaixa perfeitamente no real e o investigador tem diante de si uma realidade complexa que ele pensa abarcar coma a dialética,pensando nesta pura adequação.

Como já explicamos em outros textos a dialética não pode ser o movimento,porque se assim fosse as suas “leis” do movimento seriam algo além do movimento,modos de movimento que não seriam leis propriamente ,mas modos somente.

Afirmar estas leis,como absolutas,totais,têm um caráter interpretativo,mas que se arrogam um absoluto,definitivo.

Esta interpretação,mal auto-reconhecida,é o método que não s e interliga com o real,mas que o aborda.

Esta premissa é fundamental para nós analisarmos daqui por diante o Capital e elas voltarão na conclusão.

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