sábado, 12 de abril de 2025

Mais fantasmas de Shakespeare

 

Continuando a análise de Shakespeare lembro-me bem do fantasma de César diante da tenda de Brutus ,vaticinando a derrota e morte deste último em Philipos,local da batalha em que Brutus perdeu a vida.

Parece-me,no entanto,que a discussão nesta peça é bem outra:a contraposição entre o ideal republicano  e os impérios e monarquia.

E conceitos que se lhes seguem:autoritarismo e divisão de poder;esperteza individual e idealismo republicano infantilizador.

A primeira dicotomia nós conhecemos,mas a peça de Shakespeare se refere a dois níveis de problemas:idealismo castrador e falta de idealismo que rompe barreiras,ilegitimamente.

Este confronto se vê quando Marco Antônio e Brutus debatem diante do cadáver insepulto de César e à frente da plebe.

O primeiro expõe a sua sagacidade e conhecimento da vida;o segundo age só movido pelo seu idealismo republicano,que Shakespeare elogia no final.

Brutus quer convencer,acreditando na persuasão.Marco Antônio deseja manipular.Brutus acredita na capacidade racional da plebe,enquanto que seu oponente sabe ser isto uma ingenuidade.

Marco Antonio adentra o debate carregando o cadáver de César,o que choca a multidão.Interrompe o discurso certinho de Brutus,que não se modifica.

Confiando em seu idealismo Brutus se retira permitindo a Antonio virar a mesa ,isolando os matadores de César.

Toda esta discussão se espraia pela psicologia de cada um ,mas também pelos caminhos políticos da humanidade,que oscila entre estes dois momentos :o da esperteza e o do idealismo,persuasão ou manipulação.Há como conciliá-los?

 

 

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