Continuando
a análise de Shakespeare lembro-me bem do fantasma de César diante da tenda de Brutus
,vaticinando a derrota e morte deste último em Philipos,local da batalha em que
Brutus perdeu a vida.
Parece-me,no
entanto,que a discussão nesta peça é bem outra:a contraposição entre o ideal republicano
e os impérios e monarquia.
E
conceitos que se lhes seguem:autoritarismo e divisão de poder;esperteza
individual e idealismo republicano infantilizador.
A
primeira dicotomia nós conhecemos,mas a peça de Shakespeare se refere a dois níveis
de problemas:idealismo castrador e falta de idealismo que rompe barreiras,ilegitimamente.
Este
confronto se vê quando Marco Antônio e Brutus debatem diante do cadáver
insepulto de César e à frente da plebe.
O
primeiro expõe a sua sagacidade e conhecimento da vida;o segundo age só movido
pelo seu idealismo republicano,que Shakespeare elogia no final.
Brutus
quer convencer,acreditando na persuasão.Marco Antônio deseja manipular.Brutus
acredita na capacidade racional da plebe,enquanto que seu oponente sabe ser
isto uma ingenuidade.
Marco
Antonio adentra o debate carregando o cadáver de César,o que choca a multidão.Interrompe
o discurso certinho de Brutus,que não se modifica.
Confiando
em seu idealismo Brutus se retira permitindo a Antonio virar a mesa ,isolando
os matadores de César.
Toda
esta discussão se espraia pela psicologia de cada um ,mas também pelos caminhos
políticos da humanidade,que oscila entre estes dois momentos :o da esperteza e
o do idealismo,persuasão ou manipulação.Há como conciliá-los?
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