sexta-feira, 4 de abril de 2025

Os fantasmas de Shakespeare

 

Em outro artigo eu expliquei em pessent todos os fantasmas das peças de Shakespeare.Mas eu quero fazer uma pergunta agora e contrapor dois deles:eles são fruto também de alucinações por parte dos personagens?Ou seja pode-se fazer uma leitura psicológica deles?

Na minha opinião, o fantasma do pai de Hamlet é só  arte,só teatro.Não há psicose possível de identificar no aparecimento diante do principe.Ele não está em alucinação.

Mas no caso especifico de Macbeth não há como não ver um problema psicológico na sua visão do rei deposto.

Mas só o sentimento de culpa,de ilegitimidade,é suficiente?

De modo geral o núcleo central de toda psicose é uma contradição interna,insolúvel ,que se espraia para a  “ objetividade”.

No caso de Macbeth é isto.Não vendo em si legitimidade para governar,ele começa a ter delírios.Sentimento de culpa?Da mesma forma nós vemos algo semelhante no aparecimento de César diante de Brutus no campo de Batalha e os delírios auditivos de Ricardo III,no final de sua peça.

Estes exemplos são psicóticos,não só artísticos,mas expressam uma compreensão empírica avant la lettre ,da psicologia humana:não há uma explicação freudiana ou junguiana,mas a experiência humana indica  que em momentos de contradição pessoal,culpa,medo extremo,imagens fictícias ,delírios aparecem para aterrorizar estas pessoas.

Mas por trás de tudo isto as razões politicas,pessoais,éticas assumem um papel decisivo:o sentimento de culpa em Brutus,por ter matado seu pai;a ilegitimidade do poder em Macbeth e o medo  em Ricardo III.

Existem intersecções entre estas razões e a psicose?Próximo artigo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário