domingo, 25 de maio de 2025

Hegel otimismo ou pessimismo?

 

A partir das análises feitas da leitura de Hegel posso tomar umas decisões que há muito tempo busco,buscando os seus fundamentos.

Intuitivamente,a famosa afirmação de Gramsci “ao otimismo do coração corresponde o pessimismo da razão”,era aceita por mim ,sem questionamento.

Mas com o tempo senti necessidade de entender mais completamente esta verdade.

E mais do que isto era essencial dar uma resposta definitiva para a pergunta:otimismo ou pessimismo?Rir ou chorar?

Para quem tem preocupações sociais seria normal chorar,mas no cotidiano não adianta nada chorar o tempo todo.Quem não tem preocupação nenhuma é só rir.

Costuma-se dizer que só as pessoas pobres e supostamente mal-formadas são alienadas,mas existem aqueles que pertencendo à classe alta só riem e são alienados,ainda que saibam do problema social e das injustiças.

A alienação se dá nos endinheirados também,mas nos filósofos igualmente.

Hegel entende que a alienação é algo “ natural”,no processo de relação entre sujeito e objeto,integração/alienação,mas,otimisticamente,tem uma posição “ alegre”,porque a toda alienação,sobreviria,pela dialética,uma integração,previsivel “cientificamente”.

Esta previsibilidade(“cientifica”),se torna uma certeza,uma certeza psicopática,porque tem a ver muito mais com ela própria,com sua previsão,do que com o mundo real.

A integração inevitável sujeito/objeto(desalienação em Hegel),deslegitima o momento da separação entre estes dois termos ,o qual é o inevitável,para além da dialética,porque se este cogito é a condição da alienação( e da desalienação[em hegel])ele não existe senão no processo dialético,mas se observarmos bem,dentro da dialética,porque a desalienação não poderia vir primeiro,em relação à alienação?O existir do cogito é alienação?Ou condição da alienação?Condição e alienação (e desalienação[em hegel])são coisas diferentes.

O cogito transcende ao processo,porque não há alienação de forma inicial e submetê-lo à dialética(ao processo referido)é diluí-lo,nadificá-lo.

E a certeza se dilui.Não reconhecer esta diluição é falsear o processo e ...a certeza.A certeza é falsa.

A crença (otimista)na previsibilidade,nestes termos,torna o otimismo(científico)uma ilusão,a conduzir o sujeito para desastres,mas principalmente,e este é o ponto deste artigo,faz do otimismo do sujeito uma desconsideração do objeto,do mundo real,onde está o homem, o outro de razão e de sentimento,que já não é abordado ,senão pelo viés único da alienação e desalienação.

No plano emocional e psicológico é como desdenhar do sofrimento humano ,porque ele inevitavelmente vai ser superado.Falta de empatia é psicopatia.



terça-feira, 20 de maio de 2025

Em termos kantianos é possivel que o universo se reconheça no homem?

 

Em termos kantianos, a ideia de que o universo se reconheça no homem pode ser entendida, mas com algumas nuances importantes.

Para Kant, nosso conhecimento do mundo depende da estrutura da nossa mente — ele defende que não conhecemos o “númeno” (a coisa-em-si, o objeto em si mesmo, tal como é independentemente da nossa percepção), mas sim o “fenômeno” (como o objeto aparece para nós, moldado pelas formas a priori do espaço e do tempo e pelas categorias do entendimento).

Nesse sentido, o “universo” enquanto realidade objetiva e em si mesma não está disponível para ser diretamente reconhecido pelo homem. O que o homem conhece e pode “reconhecer” é o universo como aparece a ele, filtrado pela estrutura da sua mente.

Por outro lado, Kant também defende a ideia de que a razão humana possui certas ideias regulativas — como a ideia do infinito, do todo, da unidade do cosmos — que orientam o conhecimento e o pensamento, embora não possam ser totalmente apreendidas empiricamente.

Assim, pode-se pensar que, de modo simbólico ou transcendental, o homem “reconhece” no seu pensamento e na sua razão um princípio universal — como se o universo encontrasse no homem uma espécie de espelho ou ponto de reflexão para sua própria ordem e racionalidade.

Mas, estritamente falando, para Kant não há uma identidade direta entre o universo em si e o homem, pois o universo em si permanece inacessível; o que há é uma relação entre o sujeito cognoscente e o fenômeno do universo, mediada pela estrutura da mente.

Já me referi a isto em outra ocasião,mas vou aprofundar agora,tirando conclusões outras.

Quando se diz que se conhece o universo se diz de uma representação subjetiva,individual ou coletiva,não ele todo.

Não só porque o homem não conhece o noumeno,mas porque a sua mente é limitada na relação com o real.

Nós podemos acrescentar no imediato e no mediato,na extensão e no tempo deste universo.Logo quando se diz que o homem é o universo que se conhece a si mesmo,não se está referindo ao todo,porque é inalcançável e só construivel especificamente,não totalmente.

O universo é uma representação consensual do homem,mas que se analisarmos se descontrói inteiramente.Principalmente a partir de cada subjetividade.

Assim sendo não existe nexo causal entre o universo e a suposta consciência de si,que é o homem,sendo tudo casual,quiçá,aleatório,para ser organizado,racionalizado pela subjetividade humana.

E mais do que isto ,tanto quanto a objetividade é incognoscivel,a subjetividade também o é rompendo com o “ cognsoce te ipsum”dos gregos,coisa que Socrates já o notara,bem como,desde ele,a filosofia.(porque a representação de si mesmo,que estou no universo[de sua psicologia,que está no universo]{por isto é preciso um terapeuta,ele mesmo incapaz de chegar ao final}é impossivel).




sábado, 17 de maio de 2025

A dialética do não conhecer

 

No fundo,no fundo, a dialética hegeliana suprime o não-conhecer.Suprime Sócrates e a sua visão do não conhecer como motor do conhecimento.

A mediação do não-ser só serve como uma “prova” do movimento ,que é a finalidade e condição da dialética,mas é sempre uma certeza de que uma coisa gera a outra dentro deste processo de movimento constante e fechado.

Contudo,o não-ser,o acaso está presente,mostrando os limites da dialética e a caracterizando de forma diferente daquela conhecida e a que nos referimos no artigo anterior.

Algumas questões derivam do que dissemos mais atrás e que é assunto recorrente de nosso trabalho:o papel real e legitimo da dialética.

A dialética existe há milênios e se divide em diversos modos de fazer e por isto não temos como descartá-la pura e simplesmente.

Sobejamente nós já pontuamos que o consenso universal é que a dialética é um produto da consciência,um produto cultural e subjetivo e não uma “ dialética da natureza”.

Mas quais as consequencias para o futuro deste método?Ele acabou?O papel dele é mais limitado ,mas tende a se diluir definitivamente?

Estas perguntas passam pelo problema(ou dialética?)do ser e do não-ser,do saber e não saber.

Conforme sócrates nos ensinou a pergunta pode ser respondida pelo não-saber,pelo não ser e isto a dialética hegeliana rejeita,porque tal resposta significaria um momento de agnosticismo inadmissível para Hegel e seu tempo.

O não-saber é admitido,mas o não-ser não.Pela continuidade dialética do Ser ,admitir o não ser,o acaso,o nada,é um golpe sobre ela e o qual levaria o não-saber de roldão,como algo medieval,de recusa da racionalidade e do real.

Já me referi à contradição essencial subjacente a isto aí.O que eu queria acrescentar é o problema ético de o não-saber como espoleta socrática do saber.

Do ponto de vista ético a dialética racional do conhecimento separa a ontologia,a gnosiologia,da axiologia.Se por um lado isto é bom ,ou melhor,óbvio,por outro,como temos falado regularmente,transforma o erro,o mal,como parte acriticável do conhecimento.

O exemplo em Hegel é conhecido em sua “ filosofia da história”,quando ele diz que o terror na Revolução Francesa ,é parte “ natural” do processo histórico,a ser incorporado pelo conhecimento.

A ética e a moral sucumbem ao “ sistema dialético” e é como se o diabo adquirisse uma funcionalidade essencial no mundo,um papel no sistema e no conhecimento.

Há um elemento de falta de empatia em Hegel.Uma psicopatia.


sexta-feira, 16 de maio de 2025

De volta à filosofia Hegel

 

Pausa para o meu assunto preferido e de minha vocação:filosofia.Eu acho que já tratei deste assunto em Hegel ,mas me disponho a aprofundá-lo novamente.

Algumas afirmações de Hegel precisam ser recolocadas não necessariamente dentro de uma perspectiva kantiana,como tenho trabalhado sempre,mas a partir de uma sensatez,uma razoabilidade.

Quando ele diz,dentro da sua dialética universal ,que o homem é o universo que tomou consciência de si,ele está pressupondo ,com a dialética,que se tem a consciência de tudo,aplicando a dialética na compreensão do universo.

Mas nem usando a dialética isso é possível,nem kantiana ,nem sensatamente.Se fosse assim todo o conhecimento seria pré-dado,já seria dado desde sempre,não havendo o novo e muito menos a mudança .

Estes críticos ortodoxos,quando criticam o possibilismo,em nome da certeza,não percebem(imbecilmente)que sem a possibilidade não há o novo e a mudança e que a certeza é sempre especifica e não geral.

Acreditar em certeza geral é isto mesmo:crença .Religião .Que me parece ser o destino de Hegel e não poucos,entre eles,marxistas.Que me parece igualmente um resquicio de jusnaturalismo ,em que a natureza é modelo da sociedade,quando ela não é modelo nem de si mesma,na medida em que,como dissemos,o novo,a mudança,estão sempre à espreita,inviabilizando este todo (dialético),imaginado por Hegel .

A consciência do universo é impossivel,como o das coisas mais simples(aqui Kant tem o conceito fundamental de Heidegger,presença ),mesmo por um principio monistico,tido como universal(seja a dialética ou o jusnaturalismo[ou a religião]),porque precisamos ,no minimo,do não-conhecer para conhecer e se qualquer modelo destes oferecer uma resposta por sua simples aplicação ao real,não teremos conhecimento,mas pura e simples tautologia,que ,por teratologia intelectual,se transforma em obsessão,ecolalia,cientificismo e outras “ doenças”,que escondem o movimento,onde estão o novo e a mudança ,os libertadores do homem(abertura para o mundo[Heidegger]).

sábado, 10 de maio de 2025

Boltzmann e Einstein

 

Continuando os estudos matemáticos em torno a Einstein,nós devemos entender que estamos no inicio do século XX e algumas questões avultam em importãncia:a discussão do campo magnetico,como nós colocamos no artigo anterior,se ele serve de paradigma,como microcosmos que é,para o universo,o macrocosmos.Nós respondemos que não,mas algumas outras questões derivativas aparecem,apesar desta negativa.

No campo magnético a relação com a probabilidade.Temos visto que apesar de Einstein não ser propabilista,a admite,dentro de certos pródromos,de certos limites.

A probabilidade vai adquirir um peso cada vez maior,pondo Einstein em xeque.

Mas não adiantemos:Boltzmann coloca o problema em termos de entropia e probabilidade.

O que é entropia?É a medida de desordem de uma sistema,sendo uma medida de indisponibilidade de energia.Ela está ligada à segunda lei da termodinâmica que diz:o calor sempre flui das regiões mais quentes para as mais frias da matéria.Nem todo o calor pode ser convertido em trabalho num processo ciclico,ou diriamos nós ,fechado(olha aí as primeiras contestações ao pensamento de Einstein).

As discussões colocadas por Boltzmann tentam harmonizar a entropia,que não pode ser vista como desordem,mas como forma de organização da matéria ,e a probabilidade.

É dentro deste contexto que a mecânica quantica está se formando e vai adquirir uma força com a estatística.

A harmonização entre a entropia e a probabilidade tem em Boltzmann um momento de “ legislação” cientifica do fenômeno,associando entropia com a estatística.

Considere um sistema de energia N sobre uma superficie.A evolução no tempo deste sistema de superficie constante em 6 dimensões(6N).

A cada passagem de uma dimensão corresponde a uma passagem de órbita,Si(i=1,2...).O estado da superficie será tomada por uma latitude pequena e cada ponto correspondente a uma vizinhança igualmente pequena ou próxima.

Se observarmos por um longo tempo pi, si por um periodo pi i:pii/t teremos a primeira definição de probabilidade.(esta explicação é retirada de sutil é o senhor).