No fundo,no fundo, a dialética hegeliana suprime o não-conhecer.Suprime Sócrates e a sua visão do não conhecer como motor do conhecimento.
A mediação do não-ser só serve como uma “prova” do movimento ,que é a finalidade e condição da dialética,mas é sempre uma certeza de que uma coisa gera a outra dentro deste processo de movimento constante e fechado.
Contudo,o não-ser,o acaso está presente,mostrando os limites da dialética e a caracterizando de forma diferente daquela conhecida e a que nos referimos no artigo anterior.
Algumas questões derivam do que dissemos mais atrás e que é assunto recorrente de nosso trabalho:o papel real e legitimo da dialética.
A dialética existe há milênios e se divide em diversos modos de fazer e por isto não temos como descartá-la pura e simplesmente.
Sobejamente nós já pontuamos que o consenso universal é que a dialética é um produto da consciência,um produto cultural e subjetivo e não uma “ dialética da natureza”.
Mas quais as consequencias para o futuro deste método?Ele acabou?O papel dele é mais limitado ,mas tende a se diluir definitivamente?
Estas perguntas passam pelo problema(ou dialética?)do ser e do não-ser,do saber e não saber.
Conforme sócrates nos ensinou a pergunta pode ser respondida pelo não-saber,pelo não ser e isto a dialética hegeliana rejeita,porque tal resposta significaria um momento de agnosticismo inadmissível para Hegel e seu tempo.
O não-saber é admitido,mas o não-ser não.Pela continuidade dialética do Ser ,admitir o não ser,o acaso,o nada,é um golpe sobre ela e o qual levaria o não-saber de roldão,como algo medieval,de recusa da racionalidade e do real.
Já me referi à contradição essencial subjacente a isto aí.O que eu queria acrescentar é o problema ético de o não-saber como espoleta socrática do saber.
Do ponto de vista ético a dialética racional do conhecimento separa a ontologia,a gnosiologia,da axiologia.Se por um lado isto é bom ,ou melhor,óbvio,por outro,como temos falado regularmente,transforma o erro,o mal,como parte acriticável do conhecimento.
O exemplo em Hegel é conhecido em sua “ filosofia da história”,quando ele diz que o terror na Revolução Francesa ,é parte “ natural” do processo histórico,a ser incorporado pelo conhecimento.
A ética e a moral sucumbem ao “ sistema dialético” e é como se o diabo adquirisse uma funcionalidade essencial no mundo,um papel no sistema e no conhecimento.
Há um elemento de falta de empatia em Hegel.Uma psicopatia.
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