Em termos kantianos, a ideia de que o universo se reconheça no homem pode ser entendida, mas com algumas nuances importantes.
Para Kant, nosso conhecimento do mundo depende da estrutura da nossa mente — ele defende que não conhecemos o “númeno” (a coisa-em-si, o objeto em si mesmo, tal como é independentemente da nossa percepção), mas sim o “fenômeno” (como o objeto aparece para nós, moldado pelas formas a priori do espaço e do tempo e pelas categorias do entendimento).
Nesse sentido, o “universo” enquanto realidade objetiva e em si mesma não está disponível para ser diretamente reconhecido pelo homem. O que o homem conhece e pode “reconhecer” é o universo como aparece a ele, filtrado pela estrutura da sua mente.
Por outro lado, Kant também defende a ideia de que a razão humana possui certas ideias regulativas — como a ideia do infinito, do todo, da unidade do cosmos — que orientam o conhecimento e o pensamento, embora não possam ser totalmente apreendidas empiricamente.
Assim, pode-se pensar que, de modo simbólico ou transcendental, o homem “reconhece” no seu pensamento e na sua razão um princípio universal — como se o universo encontrasse no homem uma espécie de espelho ou ponto de reflexão para sua própria ordem e racionalidade.
Mas, estritamente falando, para Kant não há uma identidade direta entre o universo em si e o homem, pois o universo em si permanece inacessível; o que há é uma relação entre o sujeito cognoscente e o fenômeno do universo, mediada pela estrutura da mente.
Já me referi a isto em outra ocasião,mas vou aprofundar agora,tirando conclusões outras.
Quando se diz que se conhece o universo se diz de uma representação subjetiva,individual ou coletiva,não ele todo.
Não só porque o homem não conhece o noumeno,mas porque a sua mente é limitada na relação com o real.
Nós podemos acrescentar no imediato e no mediato,na extensão e no tempo deste universo.Logo quando se diz que o homem é o universo que se conhece a si mesmo,não se está referindo ao todo,porque é inalcançável e só construivel especificamente,não totalmente.
O universo é uma representação consensual do homem,mas que se analisarmos se descontrói inteiramente.Principalmente a partir de cada subjetividade.
Assim sendo não existe nexo causal entre o universo e a suposta consciência de si,que é o homem,sendo tudo casual,quiçá,aleatório,para ser organizado,racionalizado pela subjetividade humana.
E mais do que isto ,tanto quanto a objetividade é incognoscivel,a subjetividade também o é rompendo com o “ cognsoce te ipsum”dos gregos,coisa que Socrates já o notara,bem como,desde ele,a filosofia.(porque a representação de si mesmo,que estou no universo[de sua psicologia,que está no universo]{por isto é preciso um terapeuta,ele mesmo incapaz de chegar ao final}é impossivel).
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