A escolha da objetalidade
Entendi ser necessário esclarecer
ainda mais a escolha do termo “ objetalização” para falar sobre
este tema.No tempo de Marx (e Hegel)a questão da alienação ainda
não tinha se espraiado para diversos ramos da vida social e do saber
consequentemente.Ela se mantinha no plano geral filosófico da
existência,do Ser.O problema é o Ser alienado,mas a alienação
fazia parte(como faz ainda hoje)parte do ser Humano,no seu contato
com o mundo(natureza)e consigo próprio,nas relações
sociais(Ideologia Alemã).
Neste primeiro momento em que o
movimento das coisas passa a ser um problema filosófico e
sociológico, as inúmeras mediações possíveis deste dois
saberes,que correspondem às mediações possíveis do real,ainda não
eram conhecidas ou ainda estavam em um momento incipiente de
abordagem.
É o caso da antropologia,da
psico-sociologia,do estudo da sexualidade(que está na
psico-sociologia),a aplicação sobre as artes ,enfim uma pletora de
conhecimentos a serem adquiridos e que o foram e o são até aos dias
de hoje.
Mas ,assim como Marx afirmava que
a anatomia do homem explica a do macaco,dentro de sua visão da
totalidade(tema que vou abordar mais proximamente),a presença atual
destes novos saberes explica muito do passado,do movimento,nos seus
albores inclusive.
Como qualquer conceito,estes,da
alienação e do fetichismo da mercadoria,têm uma temporalidade e
uma história,porque eles se amplificam e se especificam
continuamente.
Como eu disse no artigo anterior e
faço questão de repetir, este conceito importantíssimo de
fetichismo não suprimiu o de alienação.Leandro Konder em seu “
marxismo e alienação” provou-o.O que Marx disse é que o
processo objetivo da alienação e dialeticamente,desalienação, não
se faz integralmente pela consciência subjetiva mas pela inserção
desta mesma subjetividade no processo mágico fetichista do
capitalismo onde predomina a “ vendabilidade universal”.O
processo irresistivel de tudo ser transformado e ter esta condição
potencial ,em mercadoria.
Eu pessoalmente,como outros e
inclusive por causa destes referidos outros saberes nascidos depois
da contribuição de Hegel e de Marx, acho que existem
fraturas,aberturas subjetivas no plano pura e simples da
alienação(que analisarei proximamente também ).Mas Marx tem razão
em dizer que ,em grande parte, a desalienação só se dará quando
se freiar ou superar a tal vendabilidade.
Para os fins,contudo,deste
artigo,me atenho a estas aberturas subjetivas para explicar e provar
a hipótese proposta no titulo:não digo que só com a subjetividade
se possa ultrapassar ou transcender(kantianamente)a alienação e
muito menos o fetichismo,mas ,nos interstícios do modo de produção
capitalista,passando por cima das pessoas,há uma real possibilidade
de frear a vendabilidade ou mesmo diluí-la,no cotidiano,na vida,em
determinados lugares , com isto apontar para um futuro.Há uma
resistência factivel.
O subjetivo só se constitui na
relação cartesiana de sujeito/objeto.A auto-consciência se dá
nesta relação.No seu momento fundante(da auto-consciência)a
subjetividade percebe quando e porque não (se-)dirige a si mesma e a
seu corpo([objetividade]onde está a existência[não dirige a sua
existência inclusive]),na medida em que os critérios
objetivos,fetichistas ,sociais(no aspecto distorcido do fetichismo e
da vendabilidade)se impõem a ela.
É nesta dicotomia sujeito/objeto
que se une o processo inicial de compreenção da alienação com as
novas mediações sociais aparecidas posteriormente e que só tendem
a crescer:a psico-sociedade,a sexualidade,a antropologia(questões de
preconceito,etnias),por isto não só escolhi este termo,como entendo
ser ele obrigatório para resumir toda a problemática.E também
porque inclui estas supraditas aberturas,que admitem uma
desalienação neste nível subjetivo,ainda que não no plano
geral,social,no interior do modo de produção.
Vou dar um exemplo brasileiro
disto que acabei de dizer:Anitta quando expõe o seu corpo na midia
pensa estar empoderando a mulher(é o seu discurso) e ela,não
sentindo culpa nenhuma(inlcuido a culpa católica),é auto-consciente
deste “ dever” com seu gênero,mas até que ponto ,eu pergunto,o
empoderamento pelo corpo não induz ,em mulheres menos conscientes do
que ela,a objetalização do feminino e não induz também a “
vendabilidade”,transformando o corpo em mercadoria,sem falar na
indução à sua manipulação,inclusive sexual?
Por isto uso ,nestes meus
artigos,este elo,o da objetalização,que é só uma especificação
da alienação e do fetichismo(da mercadoria,mas não só,veremos
depois)
Nenhum comentário:
Postar um comentário