domingo, 8 de março de 2020

Massacrados de todos os países uni-vos.



Há anos passados era muito mais fácil ser caridoso e falar com e dos pobres e miseráveis.Tal tradição começou com o livro de Vitor Hugo,do mesmo nome,mas depois do fim do comunismo e com todos os episódios terríveis destes ismos modernos,imperialismo,comunismo,fascismo,os pobres e miseráveis,ficam,no mínimo,desconfiados destas intenções,muitas vezes,realmente,auto-promocionais,de ajuda,de caridade.
Fui criado com estes valores de auxilio e preocupação com os desvalidos,mas recebi em troca não flores, mas pedradas:classe média,área de conforto,egoista,brancão e a minha perspectiva passada,naturalmente,teve que mudar,não no sentido de deixar de lado os que sofrem,mas de recolocar a minha relação com eles.
E fiz isto colocando algumas mediações entre mim e eles.Já que o transporte emocional,piedoso ,não serve,sendo rechaçado,fundamentei a minha preocupação emocional piedosa no direito de exigir dos governos que o meu dinheiro pago em impostos solucione estes sofrimentos.Isto tirei de Hannah Arendt,cuja visão do papel do dinheiro mudou a minha antiga rejeição:vivemos num mundo em que o dinheiro move montanhas e facilita soluções.A rejeição pura e simples do dinheiro,aliás,é muito conveniente para os poderes politicos dominantes(à esquerda e à direita),que transitam bem entre cidadãos desinteressados.O contato com o mundo real é muito necessário.
Lutero é o primeiro a formular este conceito,na medida em que preconizou o enfrentamento do mal,em vez de sua recusa.Mas o enfrentamento do mal(na figura do diabo),é o reconhecimento do mundo,como lugar de glorificação divina.O mundo se torna um lugar de participação,de auto-transformação.E é o lugar onde estão os pobres,os oprimidos e os miseráveis.
A mediação do dinheiro é sempre rejeitada por separar o homem do homem:do cristianismo a Marx,de Rousseau a Nietzsche,não há mediação nenhuma,como condição de uma humanidade autêntica,mas as obras humanas,as relações humanas concretas pedem o reconhecimento da realidade ,mesmo que o universo futuro imaginado(imaginário[utopia])seja o melhor dos mundos.
O modo de relacionar-se com o mundo é a estrada da utopia.
Não há como construir um mundo ideal da noite para o dia.É uma ilusão de Lênin pensar num mundo sem dinheiro,no tempo de uma geração ou duas e a relação com o dinheiro não é uma aceitação do sistema da capitalista e dos regimes de exploração que passaram aí pela história.
É um passo necessário para realizar as transformações que um dia,talvez,prescindam dele.
O modo de relacionamento é que define s e estamos na estrada da utopia ou se tornamos o dinheiro finalidade.Finalidade em si mesmo.Como atividade-meio o dinheiro é chamado a ajudar na solução destes imensos problemas sociais,que nos aparecem como dramas humanos cotidianos.Depois é possível discutir esta diabolização do dinheiro tão cara aos comunistas e aos católicos e se ele deve ser suprimido.
Os textos que pretendo colocar aqui sobre estes dramas serão mediatizados por esta visão pessoal do dinheiro,mas de modo a mostrar que as pessoas são a atividade fim,não o meio.

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