terça-feira, 10 de maio de 2022

Preparando uma tese a partir de Kant

 

Muito embora o desejo de Kant seja o de autonomizar o homem,este momento de transcendência básica,da relação com o outro e o mundo(o outro de razão,o outro de sentimento,o outro de mundo)nunca perece.A primeira experiência é de dependência e ela perpassa a existência.Contudo a consciência deste momento libera o processo de autonomização e este revela as diferenças que cada homem tem na relação com o outro,cada cidadão da comunidade universal ,para além da pura forma abstrata do imperativo categórico,que crê num equilibrio entre o indivíduo e o coletivo.

Alguns autores relacionam este abstrato com as visões do Marquês de Sade ou do republicanismo radical de Kant,que igualando a todos acaba por fundar uma repressão do coletivo,numa antecipação real do que viria a ser a era dos totalitarismos,mas há que ver que em Kant a mediação do direito está presente o que ameniza o papel desta abstração,desta totalidade abstrata.

A única “ acusação” é de formalismo,mas mesmo este não é,em Kant ,isolado também do direito,pelo contrário,é eivado dele.

Estas ilusões rousseauistas e porque não dizer marxistas(e liberais)de que liberando o homem do homem tudo está solucionado,não levam em conta o que eles mesmos vêem:a complexidade do ser humano em suas diferenças.Isto sem falar na herança maldita que o ser humano recebe,de violência e brutalidade.

A comunidade universal de Kant é a utopia que vem até agora e que perpassa a utopia ideológica de nosso tempo,mas a sua contribuição é admitir a sua limitação,como nós falamos acima.Ela não acaba,mas como o pensamento de Kant,deve ser rearrumada.


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