sábado, 7 de maio de 2022

Limitações de Kant

 

Na medida em que estes conteúdos surgem este modelo kantiano original vai sendo rearrumado e o transcendental ,no entender dele se dilui ,se reconecta num modelo mais transcendente(não transcendental)em que a subjetividade representa um mundo mais complexo,tendo que considerar a complexidade destes conteúdos.

Já não é propriamente o cidadão em abstrato ou o cristão,mas diversas manifestações só ser humano inserido na sociedade:o politico ,o trabalho,o pobre, o homem e a mulher e assim sucessivamente.Para estabelecer uma relação complexa come stes modos do ser há que construir discursos,comunicação e tudo isto é transcendência,sair do Ser,sair de si para se comunicar,para uma troca simbólica.Transcendente é aquilo que cria uma relação,que faz o homem se elevar e sair de si e se constituir como tal.

Em outro lugar eu disse que o homem é um animal transcendente e talvez esta transcedência o transforma em algo diferente do animal.

Muito embora o desejo de Kant seja o de autonomizar o homem,este momento de transcendência básica,da relação com o outro e o mundo(o outro de razão,o outro de sentimento,o outro de mundo)nunca perece.A primeira experiência é de dependência e ela perpassa a existência.Contudo a consciência deste momento libera o processo de autonomização e este revela as diferenças que cada homem,cada cidadão da comunidade universal ,para além da pura forma abstrata do imperativo,que crê num equilibrio entre o indivíduo e o coletivo.

Alguns autores relacionam este abstrato com as visões do Marquês de Sade ou do republicanismo radical de Kant,que igualando a todos acaba por fundar uma repressão do coletivo,numa antecipação real do que viria a ser a era dos totalitarismos,mas há que ver que em Kant a mediação do direito está presente o que ameniza o papel desta abstração,desta totalidade abstrata.

A única “ acusação” é de formalismo,mas mesmo este não é,em kant ,isolado também do direito,pelo contrário,é eivado dele.

Estas ilusões rousseauistas e porque não dizer marxistas(e liberais)de que liberando o homem do homem tudo está solucionado,não levam em conta o que eles mesmos vêem:a complexidade do ser humano em suas diferenças.Isto sem falar na herança maldita que o ser humano recebe,de violência e brutalidade.

A comunidade universal de Kant é a utopia que vem até agora e que perpassa a utopia ideológica de nosso tempo,mas a sua contribuição é admitir a sua limitação,como nós falamos acima.Ela não acaba,mas como o pensamento de Kant,deve ser rearrumada.

Nós já explicamos esta rearrumação,mas no âmbito da obra máxima de Kant,não encontramos,em principio,uma visão senão atrelada ao a priori,ao dogma intocável e imutável como ele diz.

Em meu modo de entender este dogma não existe ,mas a capacidade de relacionamento da subjetividade com o mundo não a compromete(pelo menos até agora)nesta aptidão,no tempo.Ela se modifica,mas não deixa de ser subjetividade.Estamos aqui só reiterando mais uma vez .


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