sábado, 4 de junho de 2022

trecho de meu livro sobre Kant

 

Lucio Coletti propõe uma dicotomia diferente da do materialismo histórico para dividir a história da filosofia:não é entre materialistas e idealistas,mas entre céticos e dogmáticos.

Aqueles que têm certeza na verdade tendem para o domatismo,os que são céticos estão sempre dispostos a mudar e estão sempre andando para a frente.A responsabilidade do homem,cientifica inclusive não é ter certeza,mas estar atento ao casual.

Daí se há de dizer que Kant ao ter nas mãos o pensamento decisivo de Hume se comportou como um cético,com o mundo e com ele próprio e definiu bem,talvez sem o saber o que vem a ser um filósofo no sentido profissional da palavra:é aquele que tem um pensamento original significando original fonte,fons ,expressão latina para seiva,seiva de árvore.Ninguém é absolutamente original,porque ex nihilo nihil ,mas pode servir de modelo para outros filósofos,pensadores e não só na sua época,mas a transcendendo.

Outros pensadores e filósofos podem ter este nome,mas a rigor há uma diferença abismal entre estes filósofos fonte e os outros,que são pesquisadores em filosofia.

Já recebi muita crítica de quem termina uma faculdade de filosofia quando eu digo esta verdade,mas é por aí que poderemos entender a contribuição de qualquer criador,porque de modo geral estes são critérios válidos para todo tipo de criador.

Mesmo os filósofos da certeza,dogmáticos ,sabem que seus conceitos darão origem a outros,mas sempre confirmando os seus preceitos.Aristóteles se utiliza dos filósofos anteriores afim de construir o seu sistema,que se pretende definitivo.

O que eu disse e preciso reiterar aqui é que a experiência humana não é só fruto dos sentidos,coisa mais afeita realmente à ciência,mas sendo impossivel abrir mão dos sentidos e da história,não há como não reconhecer o caráter temporal da razão.Se é verdade que não é necessário estudar esta temporalidade para existir subjetivamente,o seu exercicio,na existência,não é incondicionado,como quer Kant.

Não é só o exercicio da ciência,mas no contato com o mundo,a subjetividade retém na memória uma experiência que vem do tempo histórico e da sua relação com ele e é aí a partir daí que podemos propor uma visão nova de Kant.


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