sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

A natureza humana nós manuais soviéticos

 

Tantas vezes venho aqui criticar o materialismo,que possui limites essenciais.Em artigo recente tratei desta verdade.Lá no fundo o materialismo que não se limita revela o seu caráter basicamente tosco.

Todo materialismo tem uma base muito duvidosa.A acusação de boçalidade,dos idealistas e teólogos,faz sentido,porque não raro esta linha de pensamento se torna muito redutiva,olhando o mundo só pelo seu prisma.

A oposição propalada pelo marxismo entre idéias e relações materiais,materialidade,é falsa como há muito tempo eu mostrei seguindo uma pletora de autores que já o tinham feito em outras épocas.

Desta forma o materialismo descamba para diversas distorções se não tiver esta capacidade de ver os seus limites.

Em Marx,a dialética materialista ,o materialismo dialético acaba sendo uma ideologia,no sentido dele próprio,porque como já foi demonstrado(por mim inclusive)não há uma dialética da natureza.A natureza,o Ser,não se movimentam por contradições,nem na concepção de Hegel e de Marx(que são afinal iguais[eu também já tratei disto]).

Em sua biografia se diz que Marx desejava escrever uma lógica,uma lógica dialética,a partir do Capital.A luta pela vida e a consequente falta de tempo o impediu.Lênin afirmou a respeito que embora Marx não tivesse elaborado este seu sonho,deixou-nos “a lógica do Capital”.

Forçoso é reconhecer que os manuais soviéticos futuros derivam deste sonho de Marx.Muita gente atribui a Engels o caráter limitado e dogmático deste manuais,principalmente porque teriam derivado das considerações do companheiro de Marx,em seu Anti-Durinhg,mas sabemos,por intermédio das pesquisas de Gustav Meier ,que Marx viu e aprovou este livro bastante dogmático,tendo,inclusive,contribuido um pouco para ele.

Os manuais soviéticos e porque não stalinistas são originários desta base marx engelsiana.

Em outros artigos pretendo analisar o grau de culpa dos dois nesta simplificação vulgar.Mas o ponto nodal ou os pontos nodais do problema eu ponho agora:

Os manuais partem de alguns principios ab ovo ,nas concepções dos fundadores.Que existe uma ciência dialética fechada explicativa de tudo.A consequencia nos manuais é que ,do ponto de vista deles,a solução do problema humano já está dada e é só segui-los para alcançar a utopia.

O segundo ponto vem daí:se é assim,basta ter a vontade para implementar aquilo que já está dado.A tomada de consciência do problema da exploração impulsiona a compreensão e a revolução.

Esta tomada de consciência,quando algum marxista diz é sempre taxado de “ idealista” e na URSS e em outros locais,muita agente foi presa ou sofreu algo pior por causa disto,mas no volume III das Obras Escolhidas de Marx e Engels,da editorial vitória ,Marx usa estes mesmos termos,em relação à ciência do proletariado,os materialismos histórico e dialético .

Tomar consciência destas “ciências” é a condição da transformação.

A partir daí,mas seguindo o roteiro simplificador do materialismo,os manuais e stalin consideraram como metafísica a existência de uma natureza humana,como base da ação humana e puseram na vontade pura e simplesmente a base da tomada de consciência.A vontade como base(que está em Marx também)é outro termo similar ao nazismo,ao totalitarismo de direita.

De quebra a crítica à natureza humana é uma crítica à filosofia de Tomás de Aquino,mas nos próximos artigos vou mostrar como estes manuais têm mais a ver com este filósofo do que se imagina.


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