terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Shakespeare I

 

Ao compreender o infinito alcance humano de Rei Lear eu nunca mais li Hamlet e já lá vão 30 anos talvez.Este primeiro artigo crítico sobre as obras de Shakespeare é o primeiro momento ,depois destes anos todos, em que retorno a refletir sobre aquela que é considerada a obra-prima do bardo.Há controvérsias.

Para mim Hamlet só fica um pouco à frente de Rei Lear porque é mais organizada do ponto de vista da narrativa,mas isto não quer dizer que haja algum defeito em Rei Lear.Apenas ela é muito transbordante,não obedecendo aos cânones clássicos de Hamlet.

Já escrevi um texto sobre o que significa para mim o Rei Lear e nestes artigos eu vou aprofundar algo mais ou muito mais que esta obra divina apresenta para interpretação.

Contudo como estou trabalhando agora em Shakespeare todo,eu quero refazer a leitura de Hamlet junto com quem me lê.

Primeiramente há que lembrar as inumeras interpretações sobre Hamlet:a interpretação psicanalítica,de Ernst Jones;as interpretações ,um pouco esparsas,do materialismo histórico que atribui influencia do meio social sobre a obra;e a s críticas corriqueiras que explicitam o que está no texto.

Neste meu referido livro eu coloquei a seguinte premissa:é certa a advertência de uma crítica como Barbara Heliodora quanto a dizer sobre Shakespeare aquilo que não está nele,mas a verdade é que em autores como ele,existem inumeras possibilidades de interpretação,que o autor mesmo não pespegou quando escrevia.

Certa vez o beatle Lennon fez alguns poemas e notou este fato:quando vc imagina alguma coisa ao colocá-la no papel ela sai de outro modo, inesperado.

Alguns criadores,não todos,são assim e Shakespeare ,entre muitos,é um dos mais exemplificativos disto.Isto não é desdouro,não é descontrole ou incapacidade e sim característica de alguém que compreende o real de tal forma que abre espaços inusitados para a sua compreensão,se esta é possivel,ou seja,se se esgota,afinal de contas.

E este tipo de criador se modifica na medida em que o tempo passa:no seu tempo Shakespeare era reverenciado por pequenas platéias,mas posteriormente,a partir do romantismo,ele se torna um modelo explicativo,compreensivo ,da humanidade.

À propósito esta dicotomia explicação/compreensão,mais afeita à ciência,serve igualmente para abordar uma obra como a de Shakespeare e é ela que eu uso para fazer a minha análise.Próximo artigo.


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