quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Meu encontro com Freud só

Culpa no complexo de Édipo




Existem sagas,contos ,na mitologia grega que expressam decisões,verdades,critérios,para o povo grego.Assim são As Eumênides,a Oréstia(que teve uma análise famosa de Engels)e o ciclo de Édipo.
Sempre me horrorizou o fato de que Édipo tivesse que ser punido sem culpa.Como advogado,o dolo é essencial para estabelecer uma dosimetria da punição.
Ocorre que este episódio ofende as leis dos deuses,que coincidem com as dos homens,ou pelo menos,fazem parte de um evolução psicológica da humanidade:o tabu do incesto.
O tabu do incesto é um transcendental porque ele não participa da experiência comum e costumeira dos homens e quando ocorre é para ser repelido como algo ameaçador.Ameaçador do quê,se existem práticas documentadas?
Na sociedade todos os fenômenos imagináveis ocorrem,mas alguns permanecem necessariamente marginalizados e fora de uma norma construída entre os homens ,e no âmbito familiar,como Freud identificou.
Existem muitas discussões sobre se há uma evolução moral e psicológica na humanidade,mas admite-se(isto está em Engels)que a família nem sempre foi a mesma e que no inicio imemorial da sociedade havia sim promiscuidade,um resquício quiçá da animalidade,que apresenta o fenômeno em muitas espécies,inclusive.
A relação genital reprodutiva é suficiente neste periodo promíscuo.Outras razões,mesmo coletivas,podem ter determinado a sua ocorrência,contudo,há um momento em que o outro adquire um significado,ainda que rudimentar,afetivo,que cria uma barreira para o ato:a identidade grupal,em torno de um totem ,que representa o grupo ,de forma que ele possa se reconhecer e se distinguir dos outros,numa atitude esssencial de sobrevivência ,um vez que a integridade do grupo garante o trabalho,que produz o alimento,que é cedido na comunidade,numa série de tarefas que se perderiam assustadoramente s e o grupo não achasse necessário se reunir regularmente em nome de  sua identidade.
Isso sem falar que outro grupo é uma ameça de rapina às conquistas do coletivo.
O incesto rompe esta norma identitária porque os papéis sociais são desbaratados:para onde vão os bens,para que filhos?Quem cuida de quem na velhice e assim sucessivamente.Este é um dos momentos de ruptura com a animalidade;mas estes papéis,impostos e criados nas relações sociais  ocupam um lugar cada vez mais afetivo,na medida em que as trocas materiais e simbólicas se tornam constantes e essenciais para a vida.Aquilo que pertence ao reino da necessidade,dar comida ao outro,passa cada vez mais a adquirir um caráter afetivo,de bom e de bem,a entranhar na consciência humana e a formá-la até ao ponto em que esta afeição,ou uma afeição,autônoma,afetiva,mais próxima,mais intima,que é a da mãe com o filho seja fundamental como elemento não só de identidade,mas de fundação da civilização.


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