quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

O dionisíaco e o apolineo em Nietzsche

 

Há dicotomias essenciais para explicar o ser humano,em geral.Uma delas é o dionisíaco e o apolineo,posta pelos gregos e interpretada de maneira criadora por Nietszche.Há outras como o Bem e o Mal,a Moral e a Ética,mas não trataremos delas aqui.

Este artigo continua o artigo anterior e organiza os meus estudos sobre esta que é uma das cabeças da contemporaneidade.

O que quero tratar aqui é da minha convicção de que Nietszche acompanhou os gregos nesta distinção.Como é sabido os gregos faziam uma distinção absoluta entre a sensibilidade e a razão.Em todos os setores da sociedade,a sensibilidade tem a ver com o que é baixo,sem explicação ou finalidade.Contudo com o desenvolvimento histórico do mundo grego figuras contrárias a esta atitude distintiva surgem a apontar um outro e novo caminho:hefaistos,deus do trabalho e dionisos deus do vinho,mas do bem estar geral,da alegria da vida.

Como tenho dito frequentemente, Nietszche não vê nas suas distinções e conceitos a respeito do além do homem,que a humanidade é uma experiência também.

Supostamente e como premissa os gregos clássicos privilegiavam a razão em detrimento da experiência da vida real e concreta e é isso o que Nietzsche pretende recuperar,acertadamente ,dentro do espirito de sua época européia,em busca da vida,como alternativa à ciência aplastante.

Mas no momento seguinte parece voltar ao erro que ele denuncia no grego clássico ao não incluir a razão no processo humano geral.

Nietzsche quer substituir a explicação,por uma linguagem que expresse sentido,que expresse a vida e a ação humana ,mais do que o processo de explicação das coisas,que no entender dele despotencializa o ser humano,que passa a se importar mais com o que está fora dele.Mais do que isto o ser humano racional se parte em dois ao submeter tudo o mais a este principio explicativo.Passe a se medir por ele.

No “livro do filósofo” Nietzsche delinea a sua visão do papel da linguagem exemplificando com as novelas espanholas,como Dom Quixote:em cada capitulo Cervantes antecipava de maneira simplificada e resumida o que iria acontecer.Os seus termos eram postos assim:”de como nosso herói chegou na taberna e aprontou um escarcéu”;” de como se tornou cavaleiro” e assim por diante.Sentenças pequenas e como tais significativas.

Mas mesmo nesta linguagem não explicativa não se rompe o vinculo,por minimo que seja,com a racionalidade,porque só é possível fazer esta escolha a partir de uma capacidade racional e com o instrumental dado por ela.

Neste sentido me parece que embora Nietzsche critique os gregos por esta distinção,ele não foge dela,apesar de não notar esta contradição.Isto sem falar no cotidiano em que não é simplesmente possível separar estas coisas.Em que isto tem a ver com a dicotomia?Próximo artigo.Para ser justo e para continuar no próximo artigo Nietzsche não continua com a distinão dos greos,valorizando aquilo que não é explicativo,mas no mundo real estes objetivos não são alcançáveis.Próximo artigo.

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