segunda-feira, 19 de junho de 2023

Freud e o cotidiano II

 Um dos momentos mais dificeis e mais primaciais da terapia é o reconhecimento da patologia.Talvez seja o único,porque uma terapia começa bem com o primeiro passo(como qualquer coisa na vida).Não raro um bom começo soluciona tudo,mas às vezes a presença(dassein) do outro de relação,alguém de confiança ou o terapeuta,é decisivo porque suficiente.Em outro texto tratarei disto aqui.

Quer dizer, o outro,o elemento referencial,transcendente,no divã ou no dia a dia, tem relevância,ainda que não seja propriamente um médico.

Estas considerações nos põem diante de um cotidiano que pode ser até inconsciente terapêutico como o foi e é patogênico.

As leituras da psicopatologia da vida cotidiana me revelam uma preocupação de Freud um tanto quanto afinada ao que eu disse acima e tanto quanto a dialética hegeliano-marxista a psicanálise se apresenta como uma mágica também ,na medida em que propõe uma cura próxima do imediato.

A enorme pressão da época vitoriana que provocava neuroses terríveis exigia uma resposta eficiente.Mas o que facilitou para a impressão de que a atividade psicanalítica cumpria o que prometia,foi o enorme desafogo que a pura e simples audibilidade propiciou.Quer dizer ter ouvidos dispostos ,no tempo,a ouvir,já diminuiu o impacto terrível das neuroses causadas pela repressão do meio.


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