terça-feira, 29 de julho de 2025

mais um trecho de meu livro sobre o poder minoritário

 

Corporação: Pessoa Jurídica, Personalidade Global

A ficção jurídica que confere às corporações o status de “pessoa” permite que elas operem com direitos e deveres,até certo ponto. Questões sobre sua responsabilidade moral aparecem. Se pode processar e ser processadas, firmar contratos e influenciar eleições, por que não são responsabilizadas?Isto é um truque quem desde o império romano: as pessoas que constituem a corporação não são responsabilizadas.Essa pergunta acompanha estudiosos, juristas e ativistas há décadas, e este trabalho busca investigar as possíveis respostas e impasses.


domingo, 27 de julho de 2025

A minha luta contra a desonestidade e a covardia

 

Eu sou uma pessoa muito atenta,um pesquisador muito atento.E principalmente quanto à minha recepção por parte de corporações ,que continuarei a criticar aqui(eu e o professor Leonardo Boff).

Semana passada, uma destas corporações,a Folha de São Paulo publicou uma imagem de uma psicanalista até jeitosinha,que repetiu os mesmos conceitos que eu emiti aqui em meus artigos sobre Freud.

Antes uma tal sra Pasternak se referiu a um problema que eu abordei não só em relação a Freud ,mas a Marx também e a outros pensadores:depois de Galileu,que supostamente criou uma ciência(hoje sabe-se que não),todo mundo sonhou fazer uma.

Freud achou que tinha criado,até Jung aparecer.Marx dedicou o Capital para Darwin para se igualar a ele,como autor de uma ciência(hoje se sabe que não é assim).

Quanto ao que disse a Sra Pasternak,nunca falei que Freud era criador de uma pseudo-ciência e ele não é.Ele criou uma técnica e discorreu sobre ela,achando que era uma ciência.Mesmo que não seja, ele tem importância como pensador e a técnica tem ainda uma certa validade.

Se faz idêntico pensamento em relação a Marx:O Capital é uma teoria ,secundada por ativistas e pesquisadores.Só isto.

Aí entra a jeitosinha que repetiu o que coloquei num artigo meu(sem me citar):dentre tantas concepções psicológicas que procuram analisar a complexidade psicológica humana,Freud,e isto é sabido há décadas(talvez por ele mesmo,no final da vida)trabalha só com o conceito de neurose.

Na época em que apareceu, a neurose era algo muito presente,mas com a clínica freudiana ela diminuiu e muitos autores decretaram o fim de Freud,porque ninguém mais precisava ir a uma terapia.

Contudo,a minha experiência indica,além de outras pessoas (que eu conheci)o esforço terapêutico ainda tem como ser realizado,porque,mesmo conhecendo a sua neurose ,racionalmente, a presença de um terapeuta para sua ,digamos superação,em seus sintomas mais desconfortáveis,é essencial.

A transferência salva Freud e a clínica.

Continuo lutando contra a desonestidade intelectual e a covardia,mas eu tenho muito mais coisa para dizer e vou dizer.Vou continuar esta análise.



Stalin: o homem de aço biografia

 




Iossif Vissarionovitch Dzhugashvili nasceu em 1878, em Gori, na Geórgia, quando o império russo ainda dominava os povos do Cáucaso com mãos pesadas . Isaac Deutscher, em sua obra, nos apresenta um Stalin que desde cedo aprendeu a conviver com a pobreza, a violência doméstica e a opressão política, moldando a rigidez que caracterizaria toda a sua vida. O pai era um sapateiro alcoólatra, frequentemente brutal, e a mãe, Ekaterina, profundamente religiosa, sonhava que o filho se tornasse padre, depositando nele suas esperanças de salvação familiar.

Na juventude, Stalin foi para o seminário de Tbilisi, onde começou a ter contato com os escritos de Marx e Engels, enquanto memorizava salmos e cantava nos coros religiosos. Deutscher destaca que foi neste período que Stalin se libertou da fé ortodoxa e se converteu ao marxismo, abraçando as ideias revolucionárias que circulavam clandestinamente entre os jovens que queriam derrubar o czarismo.

Começar a vida sob esta pressão toda seria,para muitos,o fim,mas Stalin era daquele tipo de homem que quanto mais se batia nele,mais crescia .

Corria também a favor dele o fato de não ter escrúpulos,passando por cima dos problemas sem preocupações éticas.

E finalmente porque era um empirico,alguém que jogava com o real,não como teórico,mas como empirico,sem as hesitações de quem propõe explicações sobre o mundo,a serem provadas.



O autor sublinha que Stalin entrou no movimento bolchevique não como um grande teórico, mas como um organizador incansável e conspirador habilidoso, dedicando-se a assaltos a bancos para financiar a revolução, a construção de células clandestinas e a fuga das diversas prisões e exílios para onde era enviado pela polícia do czar. Era o homem prático, o “homem de aço”, como o apelido que escolheu indicava, preparado para suportar qualquer sacrifício em nome do Partido.(1)

Isto nos coloca o problema das fases da vida de Stalin:até 1905 nos teremos o epriodo de formação de Stalin,com a sua chegada e saída do seminário.

Nos debates que levaram à divisão do Partido Social-democrata Operário Russo,entre bolcheviques e mencheviques,ele não teve nenhuma participação.

Contudo,em 1905,com a derrota do “Ensaio Geral” e o partido caindo numa miserável clandestinidade,a figura do biografado se sobressai pela primeira vez.

Lênin,após 1905,disse que o partido devia se arrastar no chão para sobreviver.

Mas o “ arrastar-se “ de Lênin,significava roubos de bancos e outras formas de “ expropriação”.

Neste contexto Josif se destaca.Trotsky,entãomenchevique,acusou o partido,por estes atos,que,segundo ele,tiravam a credibilidade moral do Partido.

A minoria comanda a maioria

 

A história da humanidade é marcada pela constante presença de um núcleo restrito de poder que determina os rumos da coletividade. Desde as primeiras organizações sociais até as complexas sociedades contemporâneas, verifica-se que a condução política, econômica e ideológica é frequentemente monopolizada por uma minoria dominante, enquanto a maioria permanece em posição de dominada. Essa distinção não é mera circunstância, mas sim resultado de um padrão estrutural que atravessa épocas, culturas e sistemas.

No passado o marxismo submetia tudo à questão de classe ,mas hoje,nós temos que entender este problema a partir da mediação autônoma do Estado.Não que a questão de classe tenha desaparecido.

No campo da política, Maurice Duverger contribui com uma leitura decisiva ao distinguir os governantes dos governados. Para Duverger, essa separação é essencial para compreender as dinâmicas institucionais e os mecanismos que perpetuam a concentração de poder. Os governantes, detentores dos instrumentos formais e informais de comando, moldam leis, normas e valores, enquanto os governados vivenciam os efeitos dessas decisões, com pouca ou nenhuma participação ativa na elaboração delas.

Nem sempre existe uma relação direta entre o Estado e as classes ou uma classe especificamente.

Essa relação está intrinsecamente ligada ao conceito de hegemonia, conforme elaborado por Antonio Gramsci. Para ele, a hegemonia vai além do domínio direto; ela opera através da construção de consenso e da naturalização de valores que favorecem a classe dominante,mas nem sempre ,digo eu.Há até um elemento técnico autônomo.

O poder, portanto, não se impõe apenas pela força, mas pela persuasão ideológica. É nesse terreno simbólico que se solidifica a liderança de uma minoria capaz de fazer parecer que sua visão de mundo é universal.



sexta-feira, 25 de julho de 2025

Anisio e Paulo Freire III

 

Vamos que vamos analisando a educação a partir destas duas figuras importantíssimas e que,a meu ver,não são anti-téticas,embora se queira favorecer o segundo,principalmente as correntes de esquerda,radicais.

A esquerda radical,dentro de seus chavões conhecidos,afirma ser Anisio um aliado da burguesia nacional,por causa da sua preocupação com a nação,um conceito “ burguês”.

Eu já analisei esta situação e entendo que um novo internacionalismo terá que considerar a nação.A esquerda radical só vê os operários e o “ mundo do trabalho”,entendido marxisticamente como “ aquele que produz mais-valia”.Ela não considera a classe média,deste ponto de vista como útil.

Mas como eu já provei, o critério de utilidade também joga um peso decisivo na sociedade e no fundo,no fundo,quando se faz uma crítica à casse media,faz-se em relação às profissões e a algumas outras,tidas como sem importância.

A principal das profissões liberais é a advocacia.Lênin se referia aos advogados das maneiras mais desairosas possíveis.E a crítica ao posicionamento da classe média incide sobre esta profissão.

No inicio da revolução russa pretendeu-se suprimi-la,mas depois,ao sobrevir o caos,foi chamada de volta para organizar a porcaria que os bolcheviques fizeram.

Na época de Stalin ,principalmente na segunda guerra,humilhações a estas profissões foram perpetradas pelos stalinzinhos de plantão.Shostakovitch foi bombeiro.

É verdade que na ideia comunista,exposta por Marx em “ A Ideologia Alemã”,o tempo livre permite que a pessoa tenha várias atividades e profissões,mas não está lá dito que tal liberdade era paar esculachar a classe média.

No final do regime soviético foram impingidas sanções semelhantes a um poeta como Brodsky,que tinha que carregar esterco no carrinho de mão.

Existe toda uma complexa acusação à classe média.A classe média moderna nasceu do próprio crescimento do capitalismo,que criou novas funções e necessidades.

Tal é um fenômeno objetivo(cultural mas objetivo),mas evidentemente que o seu incremento ajudou a burguesia e ela soube usá-lo a seu favor:a classe média é essencialmente nacional e reforçou a visão nacional original da burguesia(nós veremos depois como isto pode mudar e efetivamente mudou).

Mais do que isto .a classe média dificultou o processo revolucionário,como era entendido,por influência da revolução francesa,mas não apenas como efeito da complexificação da sociedade,mas também como pelo fato(negado pelas esquerdas radicais)de que a classe operária foi cooptada pela burguesia e pela classe média.

Toda a mitologia radical abomina a classe média,mas não vê que os “ produtores de mais-valia” se aliaram a ela.

É neste aspecto que Engels viu,no final da vida,o “ fim da revolução”,ou pelo menos,a modificação do seu modo de fazer. Continuo no próximo artigo.

sábado, 19 de julho de 2025

Anisio Teixeira e Paulo Freire II

 

Vamos ver s e consigo falar sobre este tema.Resolvi tratar dos temas de minha profissão querida,magistério,que eu não pude dar continuidade,por razões que explanarei em outra ocasião.

Mas no artigo anterior eu me alonguei em outras questões,atinentes,mas não ligadas diretamente a esta premissa.

A minha discussão sobre a educação brasileira sempre girou em torno destas duas figuras,que são as mais importantes,nesta área,em nosso país.

O primeiro,Anisio,trabalha com o conceito de nação.Todos os que me lêem sabem a minha posição diante deste conceito e como ele é criticado pelas esquerdas,que só falam nos operários ou nos oprimidos em geral,uma noção real,mas um pouco difusa.

E os que me lêem sabem do que eu acho que se deve fazer para progredir um país.

Incorri num pecado ao atacar frontalmente o principio da revolução,que suprime as classes,principalmente a burguesia,culpada,segundo a esquerda radical,da falta de progresso na sociedade.Basta tirá-la e tudo se torna o paraíso desejado.

Esta perspectiva não acho totalmente errada,mas não existe garantia nenhuma de previsibilidade,de que fazendo isto está tudo consumado.A história o provou.

Construir um progresso nacional parece diluir de vez o desejo de uma mudança revolucionária,para estes radicais, e novamente eu digo que não é esta constatação,algo totalmente errado.

Contudo,a utopia virá por outras razões e por um processo educacional,uma concepção nova de progresso e esta é uma das razões porque decidi priorizar a educação nos meus escritos e blogs.

A utopia não virá pelo fato de se superar a miséria e a exploração do capitalismo.Eu acredito ser possível e necessário,controlar o capitalismo primeiro,para depois ,aí sim,convencer a humanidade quanto ao cabimento da utopia.

Não acredito que o capitalismo seja eterno.Mas entendo que formas nacionais de convivência,grupos localizados de pessoas,historicamente determinadas,podem durar um tempo bastante longo ,como já se viu ao longo do tempo.

Fugi do tema de novo.Terei que continuar.



sábado, 12 de julho de 2025

Anisio Teixeira e Paulo Freire

 

Eu já tratei deste tema ,mas senti necessidade de aprofundá-lo diante das minhas reflexões como professor e da constatação de que não vou mais retornar à sala de aula surge o anseio por testemunhar a minha prática na universidade,principalmente particulares.

Não sou um pedagogo,mas trabalho com a empiria e com o que eu sei de teoria,para trazer algumas verdades que eu aprendi na minha atividade preferida,de professor.

Curiosamente existe um cruzamento aí entre o professor e o pedagogo:profissionalmente todo professor é um pedagogo,mas ele se define não pelo que ele aprendeu,mas pelo que ele faz na sala de aula. Na sala de aula ele transmite de forma técnica o conhecimento do seu tempo.Ele é como o médico que ministra a cura que o biólogo achou.Assim é com o pedagogo que descobre formas de ensinar e o professor ensina.

Contudo,e é por isto que eu digo que há um cruzamento,toda a pessoa,ainda que inconscientemente ,é pedagogo. Os pais ,quer queiram quer não,são pedagogos, ruins ou bons,mas o são,porque são forçados a formar homens.

A pedagogia exige formação,mas ela impregna ,como destino,a humanidade,na sua condição racional(embora entre os animais possa haver também[como provou Jane Godall]{entre os chimpanzés}).

Entre os animais não há a formação senão de ...animais:eles não adquirem um avanço(aparentemente só por acaso e provocados pela objetividade),mas entre os homens há um “progresso”,um avanço,a possibilidade de construir um “ novo”.Isto é pedagogia,paideia.

O que une as duas coisas,professor e pedagogo, é o ato de aprendizado,que é mútuo e constante e nas duas atividades tem presença .

Ih,acabei me esquecendo de Paulo Freire e Anisio! Depois eu falo.



terça-feira, 8 de julho de 2025

O ôntico e as essências e seu significado terapêutico

 

O conceito de ôntico (ontisch) em Heidegger é fundamental para compreender a diferença entre os níveis de análise do ser em sua filosofia. Em Ser e Tempo, Heidegger distingue o ôntico do ontológico para mostrar que a investigação filosófica do ser não se confunde com o simples exame dos entes. O ôntico refere-se ao nível do ente enquanto tal, na sua facticidade, particularidade e presença no mundo. Ou seja, diz respeito ao “fato de que” algo é, lidando com os entes em sua concretude, como uma árvore, uma casa, um corpo humano ou um planeta.

No cotidiano, o ser humano vive imerso em preocupações ônticas: suas atividades, seus projetos imediatos, suas dores, alegrias e o uso dos instrumentos que o cercam. A ciência, enquanto tal, também opera no nível ôntico ao estudar os entes a partir de suas propriedades, estruturas e leis. Contudo, Heidegger observa que essa abordagem não questiona o ser destes entes, mas apenas os toma como dados para análise, sem perguntar pelo sentido do ser que os faz serem o que são. Assim, a ciência permanece “ôntica” porque descreve entes, mas não reflete sobre o “ser” que funda a possibilidade de aparecerem como entes.

A originalidade de Heidegger está em mostrar que o ser humano (Dasein) possui uma peculiaridade: é um ente que, ao existir, possui uma compreensão prévia de ser, mesmo que vaga e não tematizada. O Dasein, portanto, tem um modo de ser que é ontológico, pois se interroga sobre o seu próprio ser, mas simultaneamente é ôntico, pois existe de fato no mundo entre outros entes, com suas necessidades e finitudes. Heidegger chama isso de “facticidade” do Dasein: o ser humano está lançado em um mundo de entes, vivendo de maneira ôntica, mas possui a abertura para questionar o ser destes entes, o que o torna ontológico.

Outro ponto importante é que, para Heidegger, a filosofia tradicional esqueceu o ser por ter reduzido toda a sua investigação ao nível ôntico, transformando a metafísica em uma ciência dos entes supremos em vez de questionar o sentido do ser em si. A superação deste esquecimento exige que o Dasein suspenda o olhar meramente ôntico, transformando sua relação com os entes para abrir o horizonte ontológico, onde a questão do ser pode surgir novamente de modo radical.

No entanto, a análise ôntica não é desprezada por Heidegger; ela é necessária como ponto de partida, pois o Dasein só pode empreender a análise ontológica a partir de sua condição ôntica concreta. Em outras palavras, a existência cotidiana, mesmo imersa em preocupações e ambiguidades, contém o germe da abertura ontológica, pois é nela que o ser se dá de modo velado, e é por meio dela que o Dasein pode desvelar-se para si mesmo.

Assim, compreender o ôntico em Heidegger é reconhecer que nossa relação imediata com o mundo e com os entes não é suficiente para nos fazer compreender o sentido do ser, mas é o campo a partir do qual essa questão pode emergir. O desafio heideggeriano permanece: partir do ôntico sem ficar prisioneiro nele, abrindo-se ao ontológico, para que a pergunta pelo ser possa iluminar nossa existência de modo mais autêntico.

Como eu tenho dito nos textos anteriores,penso que no ôntico há essências.O “ homem não é isto ou aquilo”,mas sentido.Para,no entanto, construir sentido há que trabalhar com essências,compreender as essências ,modificá-las ,tratá-las.

É aqui que eu vejo um elemento profissional da filosofia,porque ao tentar melhorar a condição existencial de uma pessoa,o seu sentido perdido,nós podemos saber o que está errado com a essência e modificá-la ou substituí-la.

Uma vez eu discuti com uma pessoa ,uma menina,que estava deixando o magistério,para o qual se preparara trinta anos,para se casar,pois segundo ela,a sua verdadeira vocação era a família.

Eu citei então um caso de uma pessoa que fez a mesma coisa que ela e que se arrependeu.Eu disse que depois de se preparar por tanto tempo para conseguir um ideal e descobrir que não o era,significava desqualificar a vida inteira e demonstrava incapacidade da pessoa de definir os seus rumos,quer dizer,reconhecer uma certa inaptidão para a vida.Um certo desaquilibrio e ambiguidade.

Esta menina negou ,mas anos depois sentiu que eu estava certo.A aconselhei a não sair do magistério,mas ela substituiu tudo.Ela trocou uma vida por outra e se deu mal.

Ao longo dos textos sobre Heidegger eu vou tratar de exemplos como este,para evidenciar como,a partir de sua filosofia,se pode,não necessariamente caindo na psicologia,entender o sentido da vida ,o seu sentido e o dos outros,de modo a ter saúde e felicidade e bem-estar na vida.

A essência de professor,tanto tempo buscada,foi substituida pela de mãe,um tanto quanto natural e obrigacional e porque não dizer,automática.

Uma essência desapareceu para dar lugar a outra,mas ,no final,não teve a mesma força que a do magistério.

Por razões óbvias ela trocou a sua procura,que se provou,tanto tempo,por uma que não era almejada.Porquê?

Para fazer o que a sociedade quer?Por não resistir à pressão e ser solteira?E não ter discurso para ser solteira,apesar da pressão dos outros?Neste momento as perguntas típicas heideggerianas adquirem um significado de apontar para os outros(e a filosofia apontar)o caminho verdadeiro da pessoa que decide.

Em princípio a rutura não teve consequencias,mas depois teve ,porque a pessoa sentiu que o que ela queria era o magistério,porque procurou a vida inteira.Ela se descolou de algo real por uma noção ideal,sempiterna até,de casamento e família.

Democracia contra o Capitalismo

 

A democracia nasceu para conter poderes absolutos. No entanto, ao longo dos séculos, outro poder emergiu: o capitalismo, com sua lógica de acumulação, concorrência e domínio do mercado sobre as demais esferas da vida. Se o capitalismo organiza a produção e a circulação de bens, ele também gera desigualdade, concentração de poder econômico e crises periódicas que ameaçam a estabilidade das sociedades. Aqui, a democracia se apresenta como a força capaz de limitar, controlar e, em muitos casos, opor-se ao capitalismo em nome do bem comum.

O controle democrático do capitalismo se dá por meio de leis que regulam o mercado, impostos progressivos que redistribuem renda e políticas públicas que garantem direitos universais, como saúde, educação e previdência. A democracia confere aos cidadãos o poder de eleger representantes que possam estabelecer limites ao capital, proibindo monopólios, regulamentando salários mínimos, garantindo condições dignas de trabalho e impedindo a exploração sem freios que o capitalismo, em seu movimento natural, tende a realizar. Assim, quando a sociedade se organiza politicamente, ela pode estabelecer que o lucro não está acima da dignidade humana.

Além do controle, a democracia também se opõe ao capitalismo quando este coloca em risco o meio ambiente ou desestabiliza sociedades ao gerar miséria em busca de lucros crescentes. O voto e a mobilização popular podem barrar projetos predatórios e exigir modelos de desenvolvimento que não destruam ecossistemas nem agravem o aquecimento global. A democracia pode também enfrentar o poder dos grandes conglomerados financeiros, impondo regulações que impeçam especulações que colocam em risco economias inteiras, como ocorreu em crises recentes.

Contudo, a democracia deve estar viva e atuante para exercer esse controle e oposição. Quando se fragiliza, seja por apatia dos cidadãos, seja pela captura do Estado por elites econômicas, o capitalismo retoma seu caráter predatório e passa a dominar a política, transformando-a em instrumento de seus interesses. A aliança entre cidadãos conscientes e instituições democráticas fortes é o caminho para que os valores de solidariedade, justiça e igualdade prevaleçam sobre a lógica do lucro a qualquer custo.

Por fim, o confronto entre democracia e capitalismo não é necessariamente a destruição de um pelo outro, mas a constante tensão que obriga o capitalismo a se submeter às exigências de uma sociedade que não aceita ser reduzida a cifras. Quando a democracia cumpre seu papel, ela civiliza o capitalismo, subordina o mercado ao interesse coletivo e afirma que a riqueza deve servir ao povo e não o contrário. Nesse equilíbrio tenso, reside a esperança de uma sociedade mais justa.

Este último parágrafo denota o que é a sociedade nos dias atuais,mas para aqueles que pensam numa utopia,como eu,este processo de controle é uma fase preparatória,que incide fundamentalmente o capitalismo faz de pior,que é submeter tudo e todos ao dinheiro.

A carcaterística mais degradante do capitalismo é legitimar tudo pelo dinheiro.Se deu dinheiro,vale,vai em frente.

Em outro artigo eu procurarei mostrar quais os valores que informam a minha relação com o dinheiro.

Mas agora incido sobre este lado podre do capitalismo.O sentido real da alienação é este,além da falta de tempo livre para os demais.

No filme Babilônia,sobre os primórdios de Hollywood,há uma cena em que um brutamontes,escondido num furdunço debaixo do chão,por um punhado de dólares,engole um rato vivo.

É assim a sociedade do dinheiro:qualquer coisa vale.Mas há momentos em que isto ultrapassa limites humanos essenciais.Nos tempos atuais até crianças se suicidam para fazer valer a dominação irracional das redes.

O principal controle é sobre esta “realidade”.

Preocupado,como sou,com a utopia,comungo com as ideias de Ellen Wood,em seu livro “Democracy against Capitalism”,que,na verdade é a continuação e cristalização da “revolução ocidental”,que,a meu ver,vale para o mundo todo,hoje.

Construir sociedades mistas ,capitalistas e socialistas,já é um fato e elas são,para mim,transicionais,isto é,apresentam condições para o salto para uma sociedade afluente,base possível do comunismo,no seu sentido próprio e exato,não o do assim proclamado “ socialismo real”.



sábado, 5 de julho de 2025

Os apóstolos da democracia brasileira Tancredo Neves e Ulysses Guimarães IV

 

Em um momento em que a democracia brasileira enfrenta ameaças constantes — seja pela polarização extrema, desinformação ou pelo enfraquecimento das instituições — torna-se essencial relembrar figuras como Tancredo Neves e Ulysses Guimarães. Ambos simbolizam a luta pela redemocratização do Brasil após o período autoritário iniciado em 1964. Tancredo representou a esperança de uma transição pacífica e civil para a democracia, enquanto Ulysses, com sua voz firme e comprometida, personificou a resistência parlamentar e a construção da nova ordem democrática.

Falar sobre esses líderes hoje é mais do que saudosismo: é recuperar os valores que eles defenderam — diálogo, legalidade, tolerância e o fortalecimento das instituições republicanas. Ulysses foi o artífice da Constituição de 1988, chamada por ele de “Constituição Cidadã”, justamente por resgatar direitos fundamentais do povo brasileiro. Tancredo, ao se eleger indiretamente e recusar o discurso de ódio, sinalizou que a reconciliação nacional era possível.

Resgatar seus legados é um ato de resistência e lucidez. Em tempos de autoritarismos velados e rupturas institucionais, lembrar Tancredo e Ulysses é lembrar que a democracia se faz com coragem, civilidade e compromisso com o futuro.

Participei das Diretas Já com o coração pulsando por mudança. Não era apenas um ato político, era um clamor da alma brasileira. Ver aquela multidão nas ruas, unida pelo desejo de reconquistar o direito de escolher o próprio destino, foi uma das experiências mais marcantes da minha vida. Eu estive lá, com cartaz nas mãos e esperança no peito. Foi ali que aprendi o verdadeiro sentido da democracia.

Mas o que quero ressaltar neste texto é a questão da representação politica e histórica dos dois:eles são o começo de uma nova era para a classe média brasileira.

O deputado Luiz Henrique Lima disse uma vez sobre Ulysses(mas vale também para Tancredo)que ele representava aquele momento definido por Hegel,em que uma classe em si se tornava para si.No caso aí falamos da classe média brasileira,que,como outras classes médias em outros lugares do mundo,começa por uma egocentria e adquire com o tempo consciência de seu papel politico e histórico.