quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Heidegger e o Direito



Como eu tenho manifestado sempre por aqui,para mim é uma pretensão qualquer pensador ,qualquer um ,acreditar que tudo começa com ele.Nietzsche dizer que a metafísica é derivada de um erro e ,que portanto,toda ela é um erro.Comte desqualificar a fase chamada por ele de “ metafísica” como fora da realidade.Marx dizer que a filosofia do marxismo é o “ materialismo dialético”,que rompe com o passado de pura interpretação.Tudo isto ,para mim,soou,muitas vezes, como pretensão de querer despojar a história humana, a caminhada humana no tempo,de verdade ,dentro dos limites impostos à vida do homem em todos os períodos.
A falsa impressão de que a ciência despoja a realidade de todos os véus místicos ,pela sua apresentação diante do sujeito,maculou os homens do passado de sonâmbulos,sem muita certeza do que faziam,muito embora,aquilo que fizeram(Galileu,Copérnico)tivesse sido essencial para se chegar ao mundo de hoje.
Este falso despojamento atingiu as normas.O ser humano,livre destes véus,pode agora,agir de acordo com a sua vontade soberana,sendo isto uma condição de liberdade.Vemos isto refletido muito no pensamento de Adam Smith,com o seu “ Laissez Faire”.Mas encontramos também em Marx e Engels,no seu desprezo pelas normas jurídicas.O seu fetichismo do estado não reconhece que as normas precedem-no e que independentemente de sua estrutura,radicado na sua consciência(Kant)está a norma.Se o ser humano não tivesse necessidade de organização e normas a sociedade alternativa de 68 teria dado certo:a pura repulsa aos governos seria eficaz.
Ao fazer uma ligação entre O Ser em Geral,como problema ainda válido e a essência no dasein ,presença,Heidegger recuperou a metafísica, racionalidade,sem,no entanto,perder o direito crítico de mostrar-lhes os erros e descontinuidades.
A unificação destes dois momentos se dá pelo tempo:o momento do “ isto”,da presença,se une ao geral,sem perder a sua autonomia.Construo o meu sentido,no presente,influenciado inexoravelmente pelo passado.Reformulo a compreensão deste passado,no que é uma possibilidade de maior autonomia(conhecimento=liberdade).Mas eu não destruo nada.A ruptura é somente a diferença entre estes dois momentos e com relação a quaisquer outros.
A mudança psicológica,e.g., para a fase adulta é,em última análise,o reconhecimento de um novo momento,destacado do contexto social específico,que é a família.Neste momento ela se torna cada vez mais passado e a  adultez o presente,a possibilidade de  novos momentos  diferenciadores em relação a ele.
Então a racionalidade que há no direito não é contrária ao dasein,mas interage com ele.Segue Kant,que diz:” Não há liberdade([conhecimento]{digo eu})sem direito(sem norma[eu de novo])”.
A vinculação de Heidegger com Hitler se dá mais no plano dos direitos do povo alemão do que no princípio da vontade.a vontade é o impulso para a luta contra a opressão do direito,daquele que está pressionado de fora para dentro,seja pela tecnologia,pelo estado ou por qualquer outro poder.
Assim a filosofia informa a psicologia sem,no entanto,confundirem-se as duas,revelando mais uma vez o caráter contínuo  de experiência entre a racionalidade,o ser em geral,o eu e a experiência,a psicologia, o ego,o presente,o tempo.

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