sábado, 20 de janeiro de 2018

O mito da caverna em Heidegger



O grande erro de Platão,segundo Heidegger ,que causou imensos prejuízos à filosofia(e que ele busca recuperar),foi fazer da ascensão dos acorrentados na caverna,um processo de correção,adequação ao real,deixando de lado o significado temporal,de passagem, da physis.A physis como devir foi substituída  por uma verdade que deveria ser encontrada.Passou a ser uma adequação.
O esquema metempsicótico de Platão submetia o conhecimento desta verdade a um processo de aprendizado,após o qual e que se podia ter toda a physis,mas a physis,para Heidegger é inalcançável.
Nós podemos fazer alguns comentários sobre esta diferenciação,principalmente quanto a esta fugacidade inalcançável,dizendo que ela tem dois aspectos fundantes:o projeto de poder de Platão,herdado de Pitágoras,consagra a necessidade de um certo e errado e a impossibilidade histórica de admitir a infinitude de tudo o que existe(physis).
De outro lado e seguindo este último raciocínio quero lembrar que a pesquisa da natureza,que foi a  condição de surgimento na Jônia ,da filosofia,nem sempre foi efetiva ou permitida com amplos espaços de liberdade.A infinitude do universo não era algo claro para os pensadores gregos,que ainda não tinham a quantidade de conhecimento devida da natureza e da sociedade(muito menos).
E também,apesar da atitude extremamente crítica de Platão em relação aos mitos gregos,que não ofereciam um modelo de comportamento ,permanece algo do mito de Dédalo e Ícaro no seu pensamento,já que o homem,por esta narrativa, está condenado a um conhecimento limitado,individual e coletivamente.Platão rompe um pouco com ele quando admite este conhecimento “ verdadeiro” a aletheia,mas ele é bastante discutível só sendo admissível dentro do seu realismo das idéias.
A metafísica de Platão é criticável ,subsistindo alguns dos seus elementos.
Como vimos no artigo anterior,o ôntico não se desprende do ontológico,o ser em geral do dasein.Então a metafísica é recuperada na medida em que o devir,o tempo se faz de diversos modos,mas sem que ambas estas mediações existenciais se imobilizem,mas se interpenetrem e se condicionem.
O Ser em geral e o dasein,diferenciam aquilo que é substantivo do subjetivo,mas eles se unificam no tempo,no devir da physis.
Heidegger retorna com a metafísica não como sistema fechado,mas no sentido original da metá “ além”,alguma coisa,o ente,que está no tempo,mas dele se diferencia.
                                              

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