Tenho
defendido a vida toda a interdisciplinaridade inevitável das Ciências
Sociais,porque este conceito expressa a realidade complexa da humanidade.Mas no
caso das Ciências Naturais é do mesmo jeito?
Ora
o homem,corpo,pertence à natureza.Ele produz conhecimento a partir de si,da relação
com o corpo e com a natureza,mas a natureza é também complexa,cheia de
múltiplas facetas,que passam para a humanidade.E o corpo(humano)é natureza.
A
classificação,faceta de toda abstração,é só para padronizar a multiplicidade
quase inalcançável dos eventos.A realidade é una,ou melhor,tende à unidade,porque
não sabemos se o universo se fecha,ou é
fechado.
No
âmbito do Renascimento e do surgimento da Ciência
Moderna(Copérnico,Kepler,Galileu e Newton resumidamente)há um momento em que a
abstração adquire um poder tão grande que elimina esta unidade.Curiosamente,o
Renascimento,que mistura o conhecimento com práticas alquímicas e mágicas e que
prepara de diversas maneiras a ciência moderna,tinha esta noção de unidade.Nós
vemos isto na concepção de natureza de Da Vinci,” um todo único”.As ciências
especializadas nascem ao longo da luta da ciência para predominar sobre a superstição(onde as práticas mágicas
são classificadas)e a compartimentalização aparece,no pensamento e na vida
social.
Na
Reforma e Contra-Reforma há uma luta entre os movimentos religiosos,mas também contra
a ciência.Neste último caso há uma autonomização da ciência,na medida em que ela
tem conseqüências econômicas claríssimas.
O
mundo moderno nasce destas várias tendências,que se arrumam progressivamente
segundo as suas possibilidades e interesses.
Mas
num aspecto a época anterior sobrevive neste novo mundo:a relação entre
macrocosmo e microcosmo,intuída pelo pensador interdisciplinar Paracelsus.A
prova desta conexão entre o Renascimento e a Ciência Moderna é que só se pode
entender a sua evolução,de Copérnico até
Einstein,se entendermos que este caminho
não é físico ou químico,mas físico-químico.O físico é o macrocosmo,o químico,o
microcosmo.No entanto,há uma física microcósmica e uma química macrocósmica.
Quando
estudamos na escola não há relação entre
Copérnico,Kepler,Newton e Lavoisier,mas ela existe e é necessária.
O
átomo,que é a junção entre estes dois mundos e ciências,não foi provado senão
em 1903 por Rutherford,mas toda a ciência do movimento,dos campos de
força(Coulomb),da gravidade, não são compreensíveis se não entendermos o uso da
balança química de Lavoisier.
Por
este método Lavoisier mediu e pesou todos os elementos conhecidos da natureza e
esta medida se ampliou na química atômica de Avogadro e Dalton,o qual elaborou
uma famosa teoria atômica.
A
extraordinária contribuição de Mendeleiev,antecipando as características de
alguns elementos antes de serem conhecidos,revela o caráter desta relação
físico-química,que é o traço de união fundamental da natureza.
A
idéia de Newton ,de um éter que “ seguraria” os planetas, impõe
progressivamente a realidade do átomo.E no átomo encontramos física e química.
Nenhum comentário:
Postar um comentário