segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

A interdisciplinaridade nas Ciências Naturais



Tenho defendido a vida toda a interdisciplinaridade inevitável das Ciências Sociais,porque este conceito expressa a realidade complexa da humanidade.Mas no caso das Ciências Naturais é do mesmo jeito?
Ora o homem,corpo,pertence à natureza.Ele produz conhecimento a partir de si,da relação com o corpo e com a natureza,mas a natureza é também complexa,cheia de múltiplas facetas,que passam para a humanidade.E o corpo(humano)é natureza.
A classificação,faceta de toda abstração,é só para padronizar a multiplicidade quase inalcançável dos eventos.A realidade é una,ou melhor,tende à unidade,porque não sabemos se  o universo se fecha,ou é fechado.
No âmbito do Renascimento e do surgimento da Ciência Moderna(Copérnico,Kepler,Galileu e Newton resumidamente)há um momento em que a abstração adquire um poder tão grande que elimina esta unidade.Curiosamente,o Renascimento,que mistura o conhecimento com práticas alquímicas e mágicas e que prepara de diversas maneiras a ciência moderna,tinha esta noção de unidade.Nós vemos isto na concepção de natureza de Da Vinci,” um todo único”.As ciências especializadas nascem ao longo da luta da ciência para predominar  sobre a superstição(onde as práticas mágicas são classificadas)e a compartimentalização aparece,no pensamento e na vida social.
Na Reforma e Contra-Reforma há uma luta entre os movimentos religiosos,mas também contra a ciência.Neste último caso há uma autonomização da ciência,na medida em que ela tem conseqüências econômicas claríssimas.
O mundo moderno nasce destas várias tendências,que se arrumam progressivamente segundo as suas possibilidades e interesses.
Mas num aspecto a época anterior sobrevive neste novo mundo:a relação entre macrocosmo e microcosmo,intuída pelo pensador interdisciplinar Paracelsus.A prova desta conexão entre o Renascimento e a Ciência Moderna é que só se pode entender a  sua evolução,de Copérnico até Einstein,se entendermos que  este caminho não é físico ou químico,mas físico-químico.O físico é o macrocosmo,o químico,o microcosmo.No entanto,há uma física microcósmica e uma química macrocósmica.
Quando estudamos na escola não há relação entre  Copérnico,Kepler,Newton e Lavoisier,mas ela existe e é necessária.
O átomo,que é a junção entre estes dois mundos e ciências,não foi provado senão em 1903 por Rutherford,mas toda a ciência do movimento,dos campos de força(Coulomb),da gravidade, não são compreensíveis se não entendermos o uso da balança química de Lavoisier.
Por este método Lavoisier mediu e pesou todos os elementos conhecidos da natureza e esta medida se ampliou na química atômica de Avogadro e Dalton,o qual elaborou uma famosa teoria atômica.
A extraordinária contribuição de Mendeleiev,antecipando as características de alguns elementos antes de serem conhecidos,revela o caráter desta relação físico-química,que é o traço de união fundamental da natureza.
A idéia de Newton ,de um éter que “ seguraria” os planetas, impõe progressivamente a realidade do átomo.E no átomo encontramos física e química.

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