Eu vou falar sobre cada um deles,mas inicio com
Tolstoi,à propósito de série que a Rede Globo vai exibir a partir de hoje.Tudo
levar a crer que vai ser uma série comum,mas suscita discussões,reflexões,sobre
os mais diversos assuntos,o que recomenda vê-la,sem problemas.
A série é baseada no romance “ Guerra e Paz” ,que
levou 5 anos para ser escrito e é um dos maiores da história.
Alguns temas estão presentes neste livro:a
História,a revolução francesa,Napoleão,a Rússia dos czares,mas o que avulta em
importância,como o próprio título diz é a relação entre o cotidiano e algumas das
características tidas na época(e até hoje porque não?)como essenciais da
História,os fatos,os heróis humanos,como Napoleão.
A análise escrupulosa do caráter dos personagens é
enfeixada nesta dicotomia,que,no fundo expressa uma outra,mais profunda,que vai
sendo descoberta depois que o romance é publicado,o do cotidiano contraposto
aos cataclismos da história.
Tolstoi é um dos primeiros e um dos mais importantes críticos do culto da história e ,portanto,um dos preconizadores do seu fim.
Tolstoi é um dos primeiros e um dos mais importantes críticos do culto da história e ,portanto,um dos preconizadores do seu fim.
Ele tem como companheiros o cristianismo,do qual
ele tinha uma visão muito particular, e de Marx ,com sua utopia comunista.Ele
não propõe uma Utopia ,ele diz que a utopia é um mundo de paz permanente,com
seus costumes e valores próprios,contraposta aos atos paroxísticos da Guerra.
Na parte final do romance ele inaugura a
questão,que seria retomada por Plekhanov,do “ Papel do individuo na
História”,com um texto ensaístico sobre a figura histórica de Napoleão ,diminuído diante do povo,diante
do homem comum.Quer dizer, Tolstoi afirma o homem comum diante dos heróis da
História.Neste sentido ele é muito parecido com o Dostoievski de “ Crime e
Castigo”,porque aqui o personagem ,Raskolnikov,
se vê diante de sua vida vazia ,contraposta a de Napoleão,cujos crimes
são cantados em prosa e verso e legitimados(numa relação dialética entre estes
dois termos).Se os crimes de
Napoleão,pensa ele,são legitimados e não têm justificação nenhuma,a minha
miséria(injusta)é mais autêntica do que a dele,como fundamento de um crime.E
comete-o.
Em “ Guerra e Paz”,há um inicio em que o povo
russo,mais instruído,os aristocratas,admiram a individualidade criadora e livre
de Napoleão,que seria até um modelo a ser seguido pela Rússia dos czares(que
devia se livrar destes autocratas).Com o tempo e com as agruras da guerra ,esta
apreciação vai sendo mudada,por aquilo que está também em Dostoievski:a força
do povo,a natureza intrinsecamente renovadora do povo.Evidente que a
perspectiva de Dostoievski é mais
conservadora(depois tratamos disso)enquanto que em Tolstoi a visão é quase
socialista,ele que é tido como precursor do movimento anarquista.
A Rússia ,centro geopolítico o mundo,foi invadida
duas vezes.Isto dá ao povo russo a noção de sua grandeza e ,simultaneamente
,fragilidade,apanágio dos santos,dos puros,que é o que a Rússia é,Santa.Ajudou
a humanidade duas vezes e por isso deve
ser vista como algo importantíssimo para a humanidade.Não só ver este filme,mas ler o romance e olhar
para além das partidas da próxima Copa,é necessário,porque ensina,engrandece.
Os personagens centrais do romance devem ser
acompanhados com atenção,Pierre Bezuhov,cujo nome francês denuncia aquela
supradita admiração e Natasha.Ambos são uma análise introspectiva do próprio
Tolstoi,tendo como fulcro a natureza do amor.Tolstoi foi imensamente infeliz e
buscou ,nestes personagens,explicação para este fracasso.
O leitor vê a quantidade de possibilidades de
análise que este romance oferece e por causa disto eu vou acompanhar ,junto com
todos,esta série e regularmente colocar
aqui artigos sobre tudo isto.
Mas esse é a ponta do iceberg,a ponta de um projeto
maior ,contido no título do artigo.Estes quatro santos citados,à sua
maneira,expressam e significam as razões de santidade(não perfeição)do país da
Copa.Mas com o tempo eu vou mostrando porque penso assim.Enjoy.
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