O
problema da totalidade em Marx
Também
recebi críticas por criticar a dialética,Hegel e Marx.A minha convicção,como de
muita gente ,é que a dialética é uma construção da consciência.Ela não é
objetiva ,real,material,como queria Marx(“ colocar a dialética sobre os seus
pés e não de cabeça para baixo)e é discutível se na concepção de Hegel ela é
puramente ideal.A “ Razão Dialética” parece ser entendida por Hegel como a
dialética da Physis,de tudo o que existe.
Os
estudos de Garaudy na década de sessenta, parecem confirmar isto e eu já me
referi a estes estudos.
O
problema é que isto gerou,por parte ,por exemplo ,de Lukács,o conceito racional
dialético,de lógica dialética.Pensemos a totalidade assim:
Os
elementos da realidade são as bolinhas,mas o quadrado é a totalidade,que o
método racional-dedutivo decompõe e compreende
a sua dialética,a “ síntese de múltiplas determinações”:cada
bolinha,cada elemento determina outra e é determinada.
Marx,em
“ O Capital”,usa este método racional-dedutivo-dialético”.Ele vem da mercadoria
em geral e a vai decompondo em seus múltiplos momentos de constituição em valor
de troca.
Marx
achou que o valor de uso é a bolinha que é consumida,mas até este momento
múltiplas agregações e determinações entre as bolinhas se fazem necessárias
para definição das condições de preço,monetárias ,de consumo no capitalismo,em
que não existe troca direta,escambo direto,mas mediatizado pelo dinheiro.
Os
economistas clássicos não viam este tempo,este movimento complexo,mas Marx o
via de uma forma dialética objetiva,real,material.A partir de um tempo,de um
movimento.
A
concepção da dialética em Hegel e em Marx supõe que a realidade se faz
permanentemente “ criativa” dentro de certas leis,as quais podem ser
compreendidas,como (n-)este quadrado.
Leandro
Konder relata em seu livro sobre Hegel que o filósofo sentia “ verdadeiro
pânico! da dialética,sem,no entanto,abandoná-la.Porquê?De maneira evidente fica
difícil acreditar que apareça algo dialéticamente novo que se identifica com o movimento
dialético pré-dado no seu modelo “ legal”,legal no sentido de racionalmente organizado
em leis.
O
modelo acima proposto ,como todo discurso,busca adequação com a realidade e a
dialética se propôs a isto,mas está contido nele(-a) uma contradição
insolúvel,porque ele é uma abstração que
pensa dar conta da realidade,mas esta sempre é maior
do que o discurso,como no mito de Dédalo e Ícaro.
O
nosso Tobias Barreto aqui no Brasil,hegeliano e kantiano ao mesmo tempo,sempre
se referia à matéria,como algo contínuo,que sempre “produzia” o novo,mas
pensava de igual maneira:há que se descobrir como isto se dá.Quais as suas leis
,quero dizer.
Ora,se
existem leis desta produção do novo é possível antecipá-lo,mas aí ele não será
mais o novo .O novo é aquilo que ainda não se
sabe,aquilo que se pressente ou presume,mas que não se conhece.Tanto que se diz
a respeito de Hegel mesmo,que o homem é aquele ser que sabe que sabe ou sabe o
sabido,porque o conhecimento é sempre passado,sempre é aquilo que se
adquiriu.Por isso que a pessoa muito intelectualizada se descola da
realidade,porque a submete ao critério passadiço do conhecimento.O movimento do
conhecimento é para o passado,porque ao se observar algo no presente e
conhecê-lo este saber se guarda na memória,no passado.O presente é ação,o
passado é conhecimento. Não é à toa que o conhecimento verdadeiro de Platão é
obtido pela relembração,reminiscência,através da reminiscência.
A
partir do momento em que se entende que o movimento dialético objetivo não é e
que todo discurso não dá conta da realidade toda
,o edifício de “ O Capital” tem que ser,no mínimo,questionado,porque
certamente erros vão ocorrer.
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