A filosofia e a ciência viveram às turras na história e ainda vivem,na nossa época tão vazia de debates.Mas é porque se busca sempre uma certeza para orientar a vida,o que não é possível na história da humanidade.
A filosofia,como generalidade que é,garante algo que muitas vezes a ciência proibe:a liberdade de pensamento.A ciência trabalha com certezas e a certeza não raro fundamenta limites ao pensamento,que servem ao poder e aos interesses.
Fora do seu lugar,a ciência e a certeza expressam um egocentrismo que,no final,desrespeita o ser humano.
O exemplo histórico desta situação é que quando a ciência percebeu a existência de germens e que era necessário os cuidados de higiene para evitar doenças,este conceito fundamentou uma diferenciação moral enre os “ sujos” e os “ limpos”,colocando os primeiros num patamar inferior aos segundos e à humanidade.
É o caso clássico do Jeca que levou de roldão Monteiro Lobato.Mas a ciência em si criou barreiras impeditivas de se olhar o outro nas suas eventuais limitações.Impediu de ver as boas qualidades psicológicas e morais ,por debaixo da incapacidade de tomar banho.
A ciência,a certeza, é objetiva,tendo uma tentação de modelar o homem por algo fora dele,fora-de-si. A filosofia é subjetiva e mesmo em sua especulação abre espaço para dúvidas,o que é importante para a mantença da liberdade de pensamento.
É claro,e eu já tratei disto,que o mau uso da certeza é ideológico,conformador de um interesse,muitas vezes,mas mesmo no caso de uma verdade cientifica comprovada,a atitude dogmática,de poder, se manifesta,impedindo a liberdade de criação.
A certeza tem um significado psicológico de tranquilizar o homem quanto ao que está em torno dele.Num mundo cientifico,em que o poder deriva do conhecimento,aquele que não o detém,por qualquer razão,se assusta e busca se igualar propondo certezas absolutas,ainda que não comprovadas.Mas na verdade é que este comportamento privilegia um saber discutivel(sempre)em detrimento do homem.
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