A
grande questão que ponho diante de Heidegger desde que tomei
contato com sua filosofia,numa especialização na UERJ,é que o
modo de ser do ser,o seu isto,a partir do qual se constrói um
sentido não prescinde de uma essência(e de uma
substância[aristotélica]) e ,por outro lado,o sentido só vale como
projeto para o homem,que ,já,não é sujeito/objeto cartesiano,mas
sentido.
Heidegger
só se refere a este sentido pretendendo uma ruptura com Aristóteles
e diz que as coisas,não o homem,podem ter sentido,se este der a
elas,mas a verdade é que o isto só se revela pela
presentificação(persiste uma discussão se o modo como Emanuel
Carneiro Leão traduz Das-ein está certo:presença e não
presentificação).Aquilo que se manifesta como existir,o faz no
tempo,no modo como se apresenta,como se torna presente e aí
Heidegger pretende ver uma interseção entre o homem e o Ser em
geral,porque todo ser é sentido enquanto torna-se algo.O algo é o
ente,aquilo que se coloca a maneira de algo.O Ser do ente é
este(Das-ein) por-se permanente(-mente),como existente.
Nem
mesmo a classificação fenomenológica sobre Heidegger é bem vista
por ele.A classificação de modo geral não abarca o ser em seu
sentido,em seu movimento,mas não há como dissociar o filósofo e
seu pensamento da redução fenomenológico,ao eidós.O eidós é
aquilo que se apresenta como tal,como existente,não limitado por
nenhuma classificação,só o puro apresentar-se.
Aqui
,no entanto,há sim a ruptura pretendida por Heidegger em relação a
Aristóteles,mas não se pode negar que mesmo na acontecência ,no
sentido, há uma essência,minimamente substantiva,na medida em que
os atos se definem por uma razão de ser:há uma diferença em agir
como um professor e como uma porta-bandeira;um livro que se me
apresenta é diferente de uma bola de tênis.
Esta
concepção ,de sentido e de acontecência,une a vida com a arte,com
uma narrativa poética(romanesca),porque tudo passa a ser descrito
,acompanhamento deste sentido.Mas a observação anterior sobre
essência continua valendo.
É
curioso como Guimarães Rosa em seu livro de contos “Acontecências”
pespegou o sentido da filosofia heideggeriana,mas nada vai além
disto,porque a filosofia de Heidegger tem um significado artístico
evidente.
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