Conforme
prometido há muito tempo atrás,depois que concluí o meu livro
petição de princípio,desejo desenvolvê-lo com um novo
trabalho,mostrando os fundamentos,os autores e pensadores que estão
por trás dos meus artigos e dos meus livros.
Muita
gente me critica por não citar certos autores,mas no “ petição”
eu já explicara os meus critérios de citação:a obrigatoriedade de
citar funciona muitas vezes como uma correia de transmissão para
promover pessoas que não têm valor nenhum.Isto acontece muito nos
mestrados e doutorados.É uma espécie de personalismo que se coloca
acima do conhecimento propriamente dito.
Por
estas razões cito com muita parcimônia autores ,para preservar o
princípio de que o conhecimento legitimo e relevante deve prevalecer
sobre as personalidades.O nome deriva do que você faz .Assim
preservo a minha formação julio verniana e não promovo nulidades e
mantenho a ética de fazer conhecimento sem pensar nos “ guizos da
alegria” que certos intelectuais procuram,quando fazem qualquer
coisa:já querem os holofotes.Eu não quero holofotes,quero um
reconhecimento do esforço que faço para ajudar a progredir a
sociedade e a humanidade(modestamente[?]{Julio Verne}).
Pois
bem:eu prometera,no entanto,estudar e encontrar
autores,idéias,para,de uma certa forma,evitar que eu cometesse
erros,do tipo de afirmar coisas minhas,mas que já teriam sido ditas
por outros.Eu não faço citações de tipo acadêmico,porque,como
também já expliquei,trabalho por fora dela e defendo a liberdade de
busca de novas e alternativas formas metodológicas,como parte da
liberdade essencial de pesquisa,que a história já provou ser uma
das mediações necessárias de toda inovação:pluralidade.
Mas
reinvindico uma inovação,esta é minha(ouviram ,alguns leitores
especializados dos meus artigos?[radio tupi?]):procurando bases e
autores pela internet,achei as bibliotecas
americanas,famosas,inteiramente(ou quase inteiramente)digitalizadas e
encontrei uma pletora de autores desconhecidos ,que antecipam
ideias de autores conhecidos .
Quando
era professor de Filosofia do Direito já percebera este fenômeno ao
explicar Thomasius,a bem da verdade,o criador desta disciplina,que
antecipou algumas concepções de Kant,neste mesmo século XVIII em
que os dois viveram.Depois provarei esta minha afirmação(Mas isto
já está no livro de filosofia do direito do professor Paulo Nader).
Hoje
eu inicio este tipo de trabalho,para provar as minhas
assertivas,demonstrar a minha ética rigorosa com um autor que
encontrei numa destas bibliotecas:Charles Kirkland Wheeler,totalmente
ignorado até hoje.
Charles
Kirkland Wheeler
Este
professor e autor que aparece acima,escreveu um livro
escrito
em 1870,que expressa a visão que esta época adquirira da filosofia
de Kant.Os autores ,por mais conscientes que sejam,são datados e
influenciados pelo tempo,pelo tempo pessoal de vida e pelo seu tempo
“ externo” ,as suas circunstâncias,para lembrar o conceito de
Ortega y Gasset.
E
aquilo que é escrito ou produzido não é sempre o que o autor
planejou(John Lennon costumava dizer isto sobre as suas obras).E
mais,importantíssimo para o nosso artigo aqui:as consequencias do
que o autor diz não são as esperadas por ele.Notadamente no tempo
do cientificismo,que foi o século XIX( o século do doutor
Frankenstein),diziam-se coisas que se pretendiam definitivas,porque a
ciência,na sua luta contra a superstição,se achava
intocável,impermeável e passava por cima das
cosnequencias(Frankenstein).
O
que Kant procurou fazer com “A Crítica da Razão Pura” foi
recuperar a metafísica,que se tornara um tanto quanto antiquada na
figuar do (sub-)filósofo Wolf(outro desconhecido).Só isso.
Ele
queria provar que certos conceitos não eram tocados pela
experiência.Ele reconhecia a experiência ,a sensibilidade,mas para
diferenciar certos juízos nela fundados daqueles que ele considerava
transcendentais(doutrina transcendental dos elementos),a matemática,a
geometria.Só isso.
Mas
quando reconhece a sensibilidade,que é comum a todos,ele admitia
que não só os reis e os doutos tinham acesso a esta metafísica,mas
o homem comum.A partir desta sua filosofia,chamada por ele de “
Prático/Dogmática”(“Prolegômenos a uma Metafísica
Futura”),todos podiam formular o seu pensamento.É este o sentido
da “ crítica kantiana”como projeto filosófico.O tempo de Kant,o
século XVIII,é o de Benjamin Franklin,que afirmou na prática que o
conhecimento científico derivava da atividade livre de qualquer
homem,sem necessidade de recorrer a modelos e autoridades
prévias,para sua legitimação e relevância.
Mas
é evidente e fica claro isto desta exposição,que não existe esta
barreira entre a consciência e a sensibilidade,aliás o termo
consciência nasce desta integração entra a razão , metafísica, e
a sensibilidade,que constrói a experiência.Mas a experiência,a
sensibilidade, diluem aos poucos o “sistema metafísico”.Talvez
(certamente),pelas limitações de Kant,ele não pode entender este
fato,mas ao longo da primeira metade do século XIX, o seu pensamento
foi seguido sem crítica,mas,de pouquinho em pouquinho as fraturas se
tornaram claras.
O
livro de Wheeler resume ,em 1870,uma data não fortuita, esta
constatação,mas embora a sociologia e a psicologia que redundará
,esta última, em Freud,tenham contribuído para isto,ainda não se
pode chegar às conclusões das escolas de Marburg e Baden,no final
deste século,que recuperaram ,contra o mestre,a filosofia de
Kant,deixando de lado a “ ding -an-sich”( a coisa em si
incognoscível,que tantos debates errados causou no marxismo,por sua
incompreensão),em nome de uma experiência subjetiva óbvia,que
participa da compreensão do processo social.
A
coisa-em-si significa que não é pela razão que se conhece o
mundo.Não se pode intuir o real imediato,senão pela
sensibilidade,que concorre para a apreensão do real.A intuição
percebe,segundo Kant,aprioristicamente, o tempo e o espaço,mas não
este real imediato.Só se conhece uma parede se se a percebe pelos
sentidos.
Ainda
me lembro que promovi um curso em 1984,no sindicato dos professores
,com Carlos Nelson Coutinho,sobre Gramsci,e o escândalo que ele
provocou,no âmbito do marxismo em que eu atuava,ao dizer(concordando
indiretamente com Kant),que a filosofia(a razão,digo eu,a
metafísica)não prova que a realidade existe.
Um
cego de nascença,só pode dizer o que é uma parede se senti-la e a
sua impressão será diferente daquele que tem visão.Ou terá que
recorrer à memória do que alguém lhe disse sobre o que é uma
parede.
Muita
gente me criticou em outros artigos sobre Kant me acusando de
interpretar esta parte essencial da sua obra:eu teria dito que a
coisa em si incognoscível é que não se pode apreender o cosmos
integralmente,mas isto é uma derivação destas premissas.Agora eu
especifico onde surgiu.
Mas
realmente ,para falar de Kant,como de Marx, é preciso entender as
modificações do seu pensamento,porque eles estão inseridos no
fundamento básico da modernidade ,que é a exigência permanente de
auto-fundamentação,no tempo( e só pode ser nele,que passa a ser
uma categoria filosófica reconhecida).Hegel também se inclui nesta
problemática.
As
escolas de Marburg e Baden,recuperam Kant,apesar dele
mesmo.Ultrapassam esta questão da intuição e trabalham já com os
ganhos da sociologia e psicologia,numa progressiva filosofia da
consciência ,da subjetividade,da experiência,forçando inclusive(no
caso de Marx por exemplo) revisão de algumas teorias do século
XIX,que em sua pretensão cientificista ficou um pouco datado.
O
uso deste autor desconhecido ,Wheeler,por mim,atende aos obejtivos
pessoais de fundamentação de meu trabalho,mas de acompanhar este
processo de revisão de Kant,dos anos 1870 até a psicanálise.
E
também para mostrar aos intelectuais acadêmicos(principalmente no
Brasil)que a celebração da carreira deles não quer dizer nada.Que
o vedetismo não é aceitável,ainda mais por causa da
responsabilidade nacional educativa do magistério,que não existe
para si mesmo,mas para a coletividade nacional.
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