quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Os fundamentos da minha atividade de pesquisador

Conforme prometido há muito tempo atrás,depois que concluí o meu livro petição de princípio,desejo desenvolvê-lo com um novo trabalho,mostrando os fundamentos,os autores e pensadores que estão por trás dos meus artigos e dos meus livros.
Muita gente me critica por não citar certos autores,mas no “ petição” eu já explicara os meus critérios de citação:a obrigatoriedade de citar funciona muitas vezes como uma correia de transmissão para promover pessoas que não têm valor nenhum.Isto acontece muito nos mestrados e doutorados.É uma espécie de personalismo que se coloca acima do conhecimento propriamente dito.
Por estas razões cito com muita parcimônia autores ,para preservar o princípio de que o conhecimento legitimo e relevante deve prevalecer sobre as personalidades.O nome deriva do que você faz .Assim preservo a minha formação julio verniana e não promovo nulidades e mantenho a ética de fazer conhecimento sem pensar nos “ guizos da alegria” que certos intelectuais procuram,quando fazem qualquer coisa:já querem os holofotes.Eu não quero holofotes,quero um reconhecimento do esforço que faço para ajudar a progredir a sociedade e a humanidade(modestamente[?]{Julio Verne}).
Pois bem:eu prometera,no entanto,estudar e encontrar autores,idéias,para,de uma certa forma,evitar que eu cometesse erros,do tipo de afirmar coisas minhas,mas que já teriam sido ditas por outros.Eu não faço citações de tipo acadêmico,porque,como também já expliquei,trabalho por fora dela e defendo a liberdade de busca de novas e alternativas formas metodológicas,como parte da liberdade essencial de pesquisa,que a história já provou ser uma das mediações necessárias de toda inovação:pluralidade.
Mas reinvindico uma inovação,esta é minha(ouviram ,alguns leitores especializados dos meus artigos?[radio tupi?]):procurando bases e autores pela internet,achei as bibliotecas americanas,famosas,inteiramente(ou quase inteiramente)digitalizadas e encontrei uma pletora de autores desconhecidos ,que antecipam ideias de autores conhecidos .
Quando era professor de Filosofia do Direito já percebera este fenômeno ao explicar Thomasius,a bem da verdade,o criador desta disciplina,que antecipou algumas concepções de Kant,neste mesmo século XVIII em que os dois viveram.Depois provarei esta minha afirmação(Mas isto já está no livro de filosofia do direito do professor Paulo Nader).
Hoje eu inicio este tipo de trabalho,para provar as minhas assertivas,demonstrar a minha ética rigorosa com um autor que encontrei numa destas bibliotecas:Charles Kirkland Wheeler,totalmente ignorado até hoje.
Charles Kirkland Wheeler
Este professor e autor que aparece acima,escreveu um livro

escrito em 1870,que expressa a visão que esta época adquirira da filosofia de Kant.Os autores ,por mais conscientes que sejam,são datados e influenciados pelo tempo,pelo tempo pessoal de vida e pelo seu tempo “ externo” ,as suas circunstâncias,para lembrar o conceito de Ortega y Gasset.
E aquilo que é escrito ou produzido não é sempre o que o autor planejou(John Lennon costumava dizer isto sobre as suas obras).E mais,importantíssimo para o nosso artigo aqui:as consequencias do que o autor diz não são as esperadas por ele.Notadamente no tempo do cientificismo,que foi o século XIX( o século do doutor Frankenstein),diziam-se coisas que se pretendiam definitivas,porque a ciência,na sua luta contra a superstição,se achava intocável,impermeável e passava por cima das cosnequencias(Frankenstein).
O que Kant procurou fazer com “A Crítica da Razão Pura” foi recuperar a metafísica,que se tornara um tanto quanto antiquada na figuar do (sub-)filósofo Wolf(outro desconhecido).Só isso.
Ele queria provar que certos conceitos não eram tocados pela experiência.Ele reconhecia a experiência ,a sensibilidade,mas para diferenciar certos juízos nela fundados daqueles que ele considerava transcendentais(doutrina transcendental dos elementos),a matemática,a geometria.Só isso.
Mas quando reconhece a sensibilidade,que é comum a todos,ele admitia que não só os reis e os doutos tinham acesso a esta metafísica,mas o homem comum.A partir desta sua filosofia,chamada por ele de “ Prático/Dogmática”(“Prolegômenos a uma Metafísica Futura”),todos podiam formular o seu pensamento.É este o sentido da “ crítica kantiana”como projeto filosófico.O tempo de Kant,o século XVIII,é o de Benjamin Franklin,que afirmou na prática que o conhecimento científico derivava da atividade livre de qualquer homem,sem necessidade de recorrer a modelos e autoridades prévias,para sua legitimação e relevância.
Mas é evidente e fica claro isto desta exposição,que não existe esta barreira entre a consciência e a sensibilidade,aliás o termo consciência nasce desta integração entra a razão , metafísica, e a sensibilidade,que constrói a experiência.Mas a experiência,a sensibilidade, diluem aos poucos o “sistema metafísico”.Talvez (certamente),pelas limitações de Kant,ele não pode entender este fato,mas ao longo da primeira metade do século XIX, o seu pensamento foi seguido sem crítica,mas,de pouquinho em pouquinho as fraturas se tornaram claras.
O livro de Wheeler resume ,em 1870,uma data não fortuita, esta constatação,mas embora a sociologia e a psicologia que redundará ,esta última, em Freud,tenham contribuído para isto,ainda não se pode chegar às conclusões das escolas de Marburg e Baden,no final deste século,que recuperaram ,contra o mestre,a filosofia de Kant,deixando de lado a “ ding -an-sich”( a coisa em si incognoscível,que tantos debates errados causou no marxismo,por sua incompreensão),em nome de uma experiência subjetiva óbvia,que participa da compreensão do processo social.
A coisa-em-si significa que não é pela razão que se conhece o mundo.Não se pode intuir o real imediato,senão pela sensibilidade,que concorre para a apreensão do real.A intuição percebe,segundo Kant,aprioristicamente, o tempo e o espaço,mas não este real imediato.Só se conhece uma parede se se a percebe pelos sentidos.
Ainda me lembro que promovi um curso em 1984,no sindicato dos professores ,com Carlos Nelson Coutinho,sobre Gramsci,e o escândalo que ele provocou,no âmbito do marxismo em que eu atuava,ao dizer(concordando indiretamente com Kant),que a filosofia(a razão,digo eu,a metafísica)não prova que a realidade existe.
Um cego de nascença,só pode dizer o que é uma parede se senti-la e a sua impressão será diferente daquele que tem visão.Ou terá que recorrer à memória do que alguém lhe disse sobre o que é uma parede.
Muita gente me criticou em outros artigos sobre Kant me acusando de interpretar esta parte essencial da sua obra:eu teria dito que a coisa em si incognoscível é que não se pode apreender o cosmos integralmente,mas isto é uma derivação destas premissas.Agora eu especifico onde surgiu.
Mas realmente ,para falar de Kant,como de Marx, é preciso entender as modificações do seu pensamento,porque eles estão inseridos no fundamento básico da modernidade ,que é a exigência permanente de auto-fundamentação,no tempo( e só pode ser nele,que passa a ser uma categoria filosófica reconhecida).Hegel também se inclui nesta problemática.
As escolas de Marburg e Baden,recuperam Kant,apesar dele mesmo.Ultrapassam esta questão da intuição e trabalham já com os ganhos da sociologia e psicologia,numa progressiva filosofia da consciência ,da subjetividade,da experiência,forçando inclusive(no caso de Marx por exemplo) revisão de algumas teorias do século XIX,que em sua pretensão cientificista ficou um pouco datado.
O uso deste autor desconhecido ,Wheeler,por mim,atende aos obejtivos pessoais de fundamentação de meu trabalho,mas de acompanhar este processo de revisão de Kant,dos anos 1870 até a psicanálise.
E também para mostrar aos intelectuais acadêmicos(principalmente no Brasil)que a celebração da carreira deles não quer dizer nada.Que o vedetismo não é aceitável,ainda mais por causa da responsabilidade nacional educativa do magistério,que não existe para si mesmo,mas para a coletividade nacional.

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