terça-feira, 29 de outubro de 2019

Freud e o Pai II

O que me impressiona nesta história é que Freud conviveu a vida toda com as irmãs ,o que prova que não houve ressentimento,com a decisão do pai.
Em que condições o ressentimento de uns com relação a outros é diluível?A meu ver só se houver uma consciência coletiva da natural diferença de capacidade inata dos homens(Locke).
Isto se constrói pela educação e pela consciência que se tem deste conceito,que é transmitido neste contexto logo de inicio às famílias.
Mas de modo geral,os povos,vivendo em extrema escassez,ao longo da história,desenvolvem muito mais critérios de rapinagem,competição e violência,do que de compreensão e nesta hora o favorecimento reverbera como ressentimento nos outros,seja porque razões.
É aqui neste ponto que penso que os caminhos de Marx e Freud se unem e se distanciam.
Se unem porque a problemática social que permite a compreensão da desigualdade natural dos homens esté presente nos dois autores,muito embora comentadores de Freud afirmem que Freud não reconhece o significado psicosocial das neurores,privilegiando o individual.Isto é parcialmente verdade.
E eles se distanciam na medida em que Marx aborda mais o coletivo.
Mas podem ser reunidos,se erros de ambos,se a parcialidade acima demonstrada de ambos,for deixada de lado em nome da constatação de que existem a individualidade e a coletividade interrelacionadas,num processo que vai do ego ao eu e vice-versa,da experiência para a consciência e vice-versa,sem rupturas ou com rupturas psicológicas.
O comunismo,segundo Freud,falha quando não reconhece esta individualidade,mas eu diria que é mais do que isto:embora o comunismo se preocupe com a sociedade e procure as suas “ tonalidades”,as suas mediações,se rende à consideração falsa de que a simples implantação do comunismo iguala os homens no seu propósito mais elevado de distribuição equânime de riquezas e possibilidade de sua fruição para todos.Isto não é assim uma verdade imediata e não necessáriamente acaba com o critério natural de desigualdade.
Antes de chegar a este estado de coisas há que construir uma sociedade capáz de entender a desigualdade natural dos homens ,inclusive e pricnipalmente transferindo este conceito para as crianças,nos primeiros anos,como fez o pai de Freud.

Nenhum comentário:

Postar um comentário