terça-feira, 13 de março de 2018

Kant,apesar dele mesmo.



Kant tem estes méritos,apesar de suas datações.Poucos filósofos(poucas pessoas)escapam de suas datações.Kant não é diferente e  há questões mais graves no seu percurso:antes de atingir a celebridade com a sua “ Crítica da Razão Pura”,ele já tinha provado a sua vinculação com os vícios eurocêntricos do continente Europeu(iluminismo),estabelecendo ,em uma série de tratados,a inferioridade dos negros(informação do movimento negro estadunidense).Igualmente vê-se que a sua tentativa de “ salvar” a Metafísica não resulta.Ele é muito parecido com Marx:para “ salvar” os dois é preciso mostrar-lhes os erros de fundamento.
Mas num certo sentido não se pode acusar Kant de desonestidade.De modo geral os filósofos,” puxam a brasa para a sua sardinha”,como se diz.O projeto platônico do Rei-filósofo,em que o filósofo e os intelectuais são chamados a governar,por saberem mais do que os outros(supostamente),sempre foi mais que uma tentação para todos os grandes filósofos e não foi diferente com Kant(recuperação da metafísica).
Mas os aspectos da crítica acabaram se sobrepondo a este projeto central.Isto não fica muito claro na “ Crítica da Razão Pura”,mas vai ficando ao longo das obras subseqüentes.
Nos textos dedicados ao direito fica evidente que a filosofia se integra na “experiência dos povos”.A distinção conhecida entre “Quid Ius”(o que é a justiça ,em geral,filosòficamente)e “ Quid Iuris”(O que é de direito,a sua aplicação ao caso real ,concreto)põe esta verdade.
Em face das suas premissas filosóficas,em que a razão se une aos elementos da sensibilidade, a qual iguala reis e pessoas comuns,a filosofia,como modelo intelectual da sociedade(modelo do jusnaturalismo[Quid Ius{o que é justiça}])tem que dividir a sua importância com estes outros fatores mais associados às emoções,sentimentos,valores(Quid Iuris[direito positivo]),do que à razão somente.Porque também a filosofia é uma forma de experiência,se relacionando,a partir de Kant,com outras formas de experiência.A ciência,como a filosofia(como o direito[como tudo])não separa mais a razão,como logos,discurso,da sensibilidade(termo geral).Esta separação nunca houve.Foi invenção de Platão,com os objetivos de poder que conhecemos e que permeou a maioria dos projetos filosóficos.
Com esta integração(semelhante à de Hegel,com a sua integração[dialética]Sujeito/Objeto{?})Kant mostra,como eu disse,a sua honestidade(ou antes coerência)não colocando a sua profissão na cabeça do mundo,mas junta com outras “ cabeças”,com outras atividades.

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