Kant
tem estes méritos,apesar de suas datações.Poucos filósofos(poucas
pessoas)escapam de suas datações.Kant não é diferente e há questões mais graves no seu percurso:antes
de atingir a celebridade com a sua “ Crítica da Razão Pura”,ele já tinha
provado a sua vinculação com os vícios eurocêntricos do continente
Europeu(iluminismo),estabelecendo ,em uma série de tratados,a inferioridade dos
negros(informação do movimento negro estadunidense).Igualmente vê-se que a sua
tentativa de “ salvar” a Metafísica não resulta.Ele é muito parecido com
Marx:para “ salvar” os dois é preciso mostrar-lhes os erros de fundamento.
Mas
num certo sentido não se pode acusar Kant de desonestidade.De modo geral os
filósofos,” puxam a brasa para a sua sardinha”,como se diz.O projeto platônico
do Rei-filósofo,em que o filósofo e os intelectuais são chamados a governar,por
saberem mais do que os outros(supostamente),sempre foi mais que uma tentação
para todos os grandes filósofos e não foi diferente com Kant(recuperação da
metafísica).
Mas
os aspectos da crítica acabaram se sobrepondo a este projeto central.Isto não
fica muito claro na “ Crítica da Razão Pura”,mas vai ficando ao longo das obras
subseqüentes.
Nos
textos dedicados ao direito fica evidente que a filosofia se integra na “experiência
dos povos”.A distinção conhecida entre “Quid Ius”(o que é a justiça ,em geral,filosòficamente)e
“ Quid Iuris”(O que é de direito,a sua aplicação ao caso real ,concreto)põe
esta verdade.
Em
face das suas premissas filosóficas,em que a razão se une aos elementos da
sensibilidade, a qual iguala reis e pessoas comuns,a filosofia,como modelo
intelectual da sociedade(modelo do jusnaturalismo[Quid Ius{o que é justiça}])tem
que dividir a sua importância com estes outros fatores mais associados às
emoções,sentimentos,valores(Quid Iuris[direito positivo]),do que à razão
somente.Porque também a filosofia é uma forma de experiência,se relacionando,a
partir de Kant,com outras formas de experiência.A ciência,como a filosofia(como
o direito[como tudo])não separa mais a razão,como logos,discurso,da sensibilidade(termo
geral).Esta separação nunca houve.Foi invenção de Platão,com os objetivos de
poder que conhecemos e que permeou a maioria dos projetos filosóficos.
Com
esta integração(semelhante à de Hegel,com a sua integração[dialética]Sujeito/Objeto{?})Kant
mostra,como eu disse,a sua honestidade(ou antes coerência)não colocando a sua
profissão na cabeça do mundo,mas junta com outras “ cabeças”,com outras
atividades.
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