segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Resumo do capital

 

Tinha a intenção de elaborar uma forma de explicação do Capital,em seu volume principal e único,que é o Volume I.Mas  lendo a biografia de Marx,de Gareth Jones, encontrei este diagrama ,que me descortinou uma imensa facilitação do trabalho a que eu me propunha.

 

Como  se vê são os capítulos de O Capital e a sua explicação inter-relacionada.

Os dois últimos capítulos tratam do problema da gênese do Capital,na História.Mas há que entender que esta  Gênese permanece no processo constante de desenvolvimento do capitalismo.

Marx aborda com uma estrutura explicativa o seu objeto.Aparentemente esta estrutura é extática,meta-temporal e meta-histórica,mas é só um modo de explicar as determinações dialéticas utilizadas por Marx,porque o movimento é permanente.

Os modos de organizar este movimento são referenciais para compreensão de todo o processo.

Assiste razão  a Althusser em dizer que “o marxismo não é um historicismo”,nem,digo eu,uma disciplina descritiva,mas um método complexo de observação do real,especialmente econômico.

Tem que se entender que tanto o método como a realidade mesma do capitalismo estão envolvidos numa dialética(negativa),sem rupturas,sendo este um dos seus aspectos mais polêmicos.

O que me chamou a atenção em Gareth Jones e sua perspicácia,foi colocar um centro claro no tabuleiro da explicação do Capital e do capitalismo.

Os  capítulos que constituem este centro são os que tratam da mais-valia relativa e absoluta,a sua produção.

Mas também avulta em importância e dentro do que falamos acima sobre o movimento ,a questão de saber como o capital ,na sua forma antiga,mercadológica,se transformou em capital no sentido capitalista moderno.os dois primeiros se referem a isto e este foi um dos problemas da feitura de o capital.

Mas o ponto nodal que facilita a explicação de Gareth Jones é a contraposição entre trabalho vivo e trabalho morto.

A definição de cada um destes itens é a seguinte:

trabalho morto é o trabalho vivo que se acumula na forma de produção de bens de capital. Brevemente, segundo Marx, trabalho vivo é o que o homem pratica quando se envolve na transformação da natureza em seu benefício. ... O trabalho morto é o trabalho vivo que se acumula na forma de produção de bens de capital.

O que é o trabalho vivo?

[O trabalho vivo é o] ato que se passa entre o homem e a natureza. Nele, o próprio homem desempenha, diante da natureza, o papel de uma força natural. As forças de que seu corpo é dotado, braços e pernas, cabeça e mãos, ele as põe em movimento, a fim de assimilar matérias, dando-lhes uma forma útil à sua vida.

trabalho vivo em ato nos ajuda a olhar para duas dimensões: uma, é a da atividade como construtora de produtos, de sua realização através da produção de bens, de diferentes tipos, e que está ligada à realização de uma finalidade para o produto (para que ele serve, que necessidade satisfaz, que ‘valor de uso’ ele possui.

Então o eixo central da compreensão de O Capital é esta dicotomia.Aliás toda a sua compreensão se dá por dicotomias:tempo/modo;estrutura explicativa/dinamis permanente do capital;trabalho/trabalho vivo/trabalho morto;departamento I(capital variável[mais-valia]{bens de salário ou de consumo})/departamento II(capital constante[máquinas,bens de capital]).

O trabalho vivo é o que produz mais-valia e que é responsável pelo consumo,através do salário;é o capital variável(v),enquanto que o morto é o constante(c),o que se constituiu como máquinas e instrumentos para a produção.

A discussão é o desenvolvimento histórico de todos estes itens e o modo de funcionamento do capitalismo.

Foi um problema para Marx mostrar como juntar estas duas mediações:a imediata,do capitalismo hoje e o seu desenvolvimento histórico,que permanece na dinamis atual,mas é passado(acumulado[acumulação]).

Assim,o processo de formação do capitalismo começa nos interstícios do feudalismo,quando pessoas que acumulam um certa renda dinamizam um comércio cada vez maior.

A primeira fase do capitalismo ,como aprendemos na escola,é o comercial,que é o ápice do processo de troca mercadológica ,que se iniciou no seio do senhorio e feudalidade,mas no interior deste novo modo de produção ,o capitalismo como nós conhecemos,a se chamar de industrial ,vai se reforçando ,como a serpente no ovo.

É aí que Marx apresenta os esquemas famosos e que juntam o passado e o presente do capitalismo(e o futuro?):

M=M troca simples.

M=D=M troca comercial.

D=M=D ampliação da troca comercial.

D=M=D’ troca capitalista.D’ é extraído para uma poupança do capitalista,para investimento e reinvestimento.Ele extrai esta mais-valia para satisfazer as suas necessidades(reprodução simples).

Neste passo existe a distinção também  importante que são a  reprodução simples do capital e a ampliada.

Entendemos, pois, como reprodução simples capitalista, a reprodução em que o capitalista emprega toda a mais-valia arrancada da exploração dos seus operários para satisfazer suas necessidades.

Mas num determinado momento o capitalista não usa esta mais -valia e a  separa para reintroduzi-la no processo capitalista.

1.   Há reprodução capitalista ampliada ou acumulação do capital quando o capitalista, não consumindo toda a mais-valia de que se apropria, consagra parte da mesma à produção e a transforma em capital complementar.

2.   O crescimento do capital e o aumento da produção da mais-valia são os resultados da acumulação do capital.

Este processo ampliado são o resultado da acumulação(histórica)do Capital.E é sua reprodução.

Diante desta estrutura básica nos podemos entender como funciona o capitalismo,tanto no seu movimento atual ou permanente,como na sua história pregressa,de formação e estabelecimento.

De qualquer modo e de acordo com os conhecimentos que temos hoje,a questão do capitalismo s e apresenta em Marx como as razões pelas quais as crises inevitáveis levarão ao fim deste modo-de-produção e aí nós temos muitas perguntas a responder:Marx estava certo?A mais-valia permanece como ele definiu?A questão econômica é suficiente  para levar à utopia?A revolução é a única forma de chegar lá?

Falava-se no tempo numa revolução econômica .Mas tudo isto são discussões que precisam ser baseadas na compreensão da dinamis do capitalismo.

O processo todo se resume no diagrama e nos seus interstícios nós podemos entender como funciona:

No momento em que se dá a acumulação primitiva  nós temos D=D´,a reprodução ampliada do capital que se mantém no processo de exploração da mais-valia e reproduz a acumulação através de seus métodos ,apontados por Marx.

No processo de desenvolvimento do capitalismo,no seu núcleo central nós temos a composição orgânica do capital que se faz pela conexão entre o capital variável(onde está a mais valia e os salários[departamento I]) e o capital constante(departamento dois)o maquinário e as condições extáticas para o capitalismo atuar.

O trabalho vivo está no departamento I e o morto no II,bem como os bens de salário(consumo) e os bens de capital.

Ao longo da história nós vemos como este processo se deu:os estados/nação foram feitos com o sacrifício do departamento I em favor do II,porque as burguesias aliadas aos reis municiaram o estado de mecanismos  de unificação da administração do território e “ obrigaram” população  a se adaptar a este novo conceito,chamado de nação.

E até aos dias de hoje este mecanismo predomina,mas eu não vou falar disto agora.

O que interessa é usar os diagramas supra-citados para resumir o capital de Marx e o capitalismo,apresentando o meu diagrama e a minha explicação.

 

 



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