segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Uma tese Sobre Shakespeare

 

Certa feita eu quis fazer uma pergunta sobre Shakespeare,à crítica Barbara Heliodora:eu observara que todos os grandes criadores do renascimento eram republicanos e por isso a maioria deles viveu e trabalhou em Florença,a única República  em meio a uma esmagadora maioria de principados e monarquias.

O milagre de sobrevivência desta “republiqueta” italiana não foi só pelas atitudes politicas de Cosimo de Medici,mas porque a arte,os criadores eram intocáveis:tocar nestas realizações era um fardo infinito para quem o fizesse.

Mas o que atraia estes realizadores é que sendo eles figuras superiores,inteligências superiores, não se davam bem com a  tutela inevitável dos principados e monarquias.

Eu penso que ao longo das tragédias de Shakespeare,Macbeth,Rei Lear,Hamlet,Ricardo III e Julio Cesar,há uma discussão sobre a legitimidade do poder.

Embora o tema principal nem sempre o seja,perpassa nestas peças o problema:Macbeth instigado por uma esposa ambiciosa(ao nível da morbidez);o desejo ilegítimo de ditadura em Julio Cesar;o golpe dado por Ricardo III;falta de legitimidade de Rei Lear no exercício do poder ao longo da vida;Hamlet que sofre pela necessidade de vingar o pai ,atacando um rei...ilegitimo.

E toda esta ilegitimidade parece encontrar na república a forma ideal de exercício do poder:eu depreendo-o dos elogios que Shakespeare faz a Brutus,o único ,segundo ele,que matou César(seu pai)por convicção e não por inveja.

A inveja dos outros é a continuidade do império e da ditadura,mas a convicção de Brutus justifica,diante da justiça,da politica e da História,o seu parricídio.

 

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