Certa
feita eu quis fazer uma pergunta sobre Shakespeare,à crítica Barbara Heliodora:eu
observara que todos os grandes criadores do renascimento eram republicanos e por
isso a maioria deles viveu e trabalhou em Florença,a única República em meio a uma esmagadora maioria de principados
e monarquias.
O
milagre de sobrevivência desta “republiqueta” italiana não foi só pelas
atitudes politicas de Cosimo de Medici,mas porque a arte,os criadores eram intocáveis:tocar
nestas realizações era um fardo infinito para quem o fizesse.
Mas
o que atraia estes realizadores é que sendo eles figuras superiores,inteligências
superiores, não se davam bem com a tutela inevitável dos principados e monarquias.
Eu
penso que ao longo das tragédias de Shakespeare,Macbeth,Rei Lear,Hamlet,Ricardo
III e Julio Cesar,há uma discussão sobre a legitimidade do poder.
Embora
o tema principal nem sempre o seja,perpassa nestas peças o problema:Macbeth instigado
por uma esposa ambiciosa(ao nível da morbidez);o desejo ilegítimo de ditadura em
Julio Cesar;o golpe dado por Ricardo III;falta de legitimidade de Rei Lear no exercício
do poder ao longo da vida;Hamlet que sofre pela necessidade de vingar o pai
,atacando um rei...ilegitimo.
E
toda esta ilegitimidade parece encontrar na república a forma ideal de exercício
do poder:eu depreendo-o dos elogios que Shakespeare faz a Brutus,o único ,segundo
ele,que matou César(seu pai)por convicção e não por inveja.
A
inveja dos outros é a continuidade do império e da ditadura,mas a convicção de
Brutus justifica,diante da justiça,da politica e da História,o seu parricídio.
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