sábado, 6 de abril de 2024

Outra transcendência Em O Capital de Marx

 

Uma outra prova da existência  em O Capital(livro imanente) do transcendente é a questão do trabalho.

André Gorz chama atenção para algo que foge à percepção de todo mundo(talvez até a Marx,porque não encontrei prova em contrário disto nele):uma coisa é o emprego,outra o trabalho.

No processo de explicação da exploração o que desponta é o emprego,é a relação do trabalhador,operário com a fábrica,com a  indústria  e com todos os setores que produzem mais-valia para o empregador(capitalista[segundo Marx]).Mas o trabalho em si transcende àquela relação empregatícia e de exploração.

O emprego está no processo dialético explicativo imanente de O Capital,mas o trabalho,o trabalho com sua natureza especifica transcende o processo todo,como um modo de relação do homem com a natureza e a sociedade,um modo autônomo e que tem relação com aquela criatividade humana,que Marx quer liberar com a sua utopia proposta:o tempo livre .

Então é um erro crasso do marxismo vulgar em não ver elementos de transcendência e autonomia no âmbito do capitalismo e no Capital.

Os efeitos disto são terríveis porque o ato em si de criatividade para produzir algo ,para além do processo de exploração,sofre uma repressão e paralisia,porque a sua admissão “legitima”(supostamente)o capitalismo.

Mas como eu disse o comunismo não é contra o capitalismo ,é a partir dele.

O não reconhecimento desta distinção fundamenta um comportamento recorrente entre os militantes(mas desde Marx)que é chamado por Max Weber como a rejeição religiosa do mundo ,que é pensar que a utopia está pronta e acabada na esquina e que enquanto  ela não vem a interação com o capitalismo é pecaminosa .

A luta pela utopia se dá nos interstícios do capitalismo.Qualquer “ espera” é religiosa e a revolução ,do modo como entende Marx(e seus seguidores)é mais religião do que politica ou história.

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