Uma outra prova da existência em O Capital(livro imanente) do transcendente
é a questão do trabalho.
André Gorz chama atenção para
algo que foge à percepção de todo mundo(talvez até a Marx,porque não encontrei
prova em contrário disto nele):uma coisa é o emprego,outra o trabalho.
No processo de explicação da
exploração o que desponta é o emprego,é a relação do trabalhador,operário com a
fábrica,com a indústria e com todos os setores que produzem mais-valia
para o empregador(capitalista[segundo Marx]).Mas o trabalho em si transcende àquela
relação empregatícia e de exploração.
O emprego está no processo
dialético explicativo imanente de O Capital,mas o trabalho,o trabalho com sua
natureza especifica transcende o processo todo,como um modo de relação
do homem com a natureza e a sociedade,um modo autônomo e que tem relação
com aquela criatividade humana,que Marx quer liberar com a sua utopia
proposta:o tempo livre .
Então é um erro crasso do
marxismo vulgar em não ver elementos de transcendência e autonomia no âmbito do
capitalismo e no Capital.
Os efeitos disto são terríveis
porque o ato em si de criatividade para produzir algo ,para além do processo de
exploração,sofre uma repressão e paralisia,porque a sua admissão “legitima”(supostamente)o
capitalismo.
Mas como eu disse o comunismo
não é contra o capitalismo ,é a partir dele.
O não reconhecimento desta distinção
fundamenta um comportamento recorrente entre os militantes(mas desde Marx)que é
chamado por Max Weber como a rejeição religiosa do mundo ,que é pensar
que a utopia está pronta e acabada na esquina e que enquanto ela não vem a interação com o capitalismo é pecaminosa
.
A luta pela utopia se dá nos interstícios
do capitalismo.Qualquer “ espera” é religiosa e a revolução ,do modo como
entende Marx(e seus seguidores)é mais religião do que politica ou
história.
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