quarta-feira, 27 de março de 2024

O fulcro do pensamento de Kant II

 

(b) partindo do suposto que nosso conhecimento de experiência se guie pelos objetos como coisas em si, o incondicionado “não pode ser pensado sem contradição”;

Agora eu prossigo na análise do pensamento de Kant,passando para o item b.

Este item nos coloca em confrontação direta com a dialética do Ser e da Natureza ,em Hegel e em Marx e Engels.Vamos ver.

Se nós aceitarmos as coisas em si(ding an sich)aquilo que é incondicionado “ não pode ser pensado senão em contradição”(termos de Kant).

Vamos aplica-lo ao fulcro do pensamento dialético de Hegel,que expliquei em um livro e em artigos:

Para Hegel(e seus seguidores)tem que haver uma relação real entre o Ser e o não Ser,porque certas contraposições não ficariam explicadas.

O exemplo clássico de Hegel é este:se não houvesse esta dialética real o problema do finito e do infinito não seria explicável.

Hegel afirma que havendo separação entre um termo e outro o infinito não teria explicação como sucessão de finitudes,ad infinitum.E o finito seria algo aleatório ,sem finalidade e sentido .

Os dois,como outras dicotomias,só se explicam juntos e admitindo uma contradição  na representação,ou seja,admitndo que o mundo,o Ser,a natureza,tudo,se move por contradições (infinitas).

Mas como vimos no primeiro item de Kant ,tal é falacioso,porque não se prova esta contradição no Ser.É uma “ assertiva improvável”.A razão não prova que a realidade existe.Ela é percebida e manipulável pela experimentação(cientifica) e pela aquisição na memória de fatos que se tornam experiência ,o saber sabido.

Por razões que analisaremos em Hegel ,este filósofo ,para explicar a mudança não admitia as teses de Kant.Sem a dialética,para ele,não haveria como explicar o movimento do Ser.Depois nos ateremos a isto.

A representação pespega apenas uma parte do real,uma parte momentânea e organiza(condiciona)os fenômenos e fatos,não incidindo contradição(explicativa porque real)senão aquelas que derivam da consciência humana,desta consciência “organizativa”,digamos assim,não teriam sentido,no que é o inicio das críticas de Proudhon e de Sartre à “ Razão Dialética”em Hegel/Marx(e Engels).

Foi neste ponto que a critica de Bohm-Bawerk ao Capital se escudou:não existe prova das relações dialéticas propostas por Marx na sua obra-prima,sendo “O Capital” teórico e interpretativo.

Para concluir ,lendo a última frase de  Kant no item b:Uma coisa incondicionada só se explicaria em contardição com outra,a partir de outra.

Mas não vamos além disto aí hoje.Até amanhã,se Deus quiser.


 

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