quarta-feira, 27 de março de 2024

Pais e filhos A medida certa da relação

 

É sempre uma pretensão estabelecer para qualquer coisa uma base definitiva,um fundamento definitivo,uma medida irretocável(ad infinitum).

Tolstoi em seu grande livro “Anna Karenina” ,começa desta forma(reproduzo de cabeça): “Cada família é feliz do mesmo modo,mas  sofre à sua maneira”.

Este é um principio filosófico,moral,psicológico,que explica muito do que é a humanidade:o sofrimento,como noticia ruim, chama mais a atenção do que a felicidade.O mundo fica “chato” com todo mundo feliz.Não há motivo para escrever romances...e tal.

É uma contradição que eu discuto sempre no escaninho literário e de crítica  e que continuarei fazendo,mas agora o meu escopo é a questão  de como entendo que a família deve ser.Como é o caminho para ela o ser(feliz).

Não é uma base definitiva e que certamente nem todo mundo aceita ,mas que eu considero pelo menos como a média do comportamento familiar,pelo qual não s e retorna ao sofrimento ou não se cai nele de novo.

A mediação decisiva desta questão é a relação entre pais e filhos.

Ao ver o filme bem razoável sobre Maria Antonieta de Sofia Coppola me lembrei dos estudos de história que demonstram que nas sociedades arcaicas era assim que funcionava:filho de peixe peixinho é.E a forma de garanti-lo se vê no filme,numa cena que eu descrevo de novo:Maria Antonieta acorda no horário definido pelo “coletivo” de sua época,monarquia,igreja católica,estes monstros;realiza todos os rituais da manhã,à vista de todos,inclusive as necessidades essenciais.Depois,é assim até voltar para a cama de noite,com algumas exceções eventuais em festas e reuniões.

Lembrando de Foucault,aparentemente estas práticas foram superadas pela Revolução Francesa,que é a Revolução dos filhos contra os pais (como geralmente toda a revolução é)

Mas  não em todos ao países  e até hoje,pelo menos no nível da consciências e das práticas decorrentes:ainda se vê um esforço dos pais para determinar o que os filhos devem fazer.

Numa época,no entanto,de cada vez mais liberdade ou numa sociedade fundamentalmente  dinâmica,voltada para o futuro,estes esforços arcaicos só distorcem o real e causam os problemas da família no mundo de hoje.Não só isto,mas dentro da família este é um dos fatores.

A medida da liberdade é simples:basta ver os fundamentos.

Enquanto os filhos são incapazes os pais os “ comandam”,mas segundo a lei ,a ordem moral,que os “ orienta também” . E quando os filhos adquirem progressivamente capacidade eles passam a ser iguais aos pais,os quais têm que reconhece-lo ,havendo apenas o dever de respeito aos mais velhos,à sua eventual decadência física ou mental(mas não necessariamente)e cuidados em relação a eles. Mas não dependência,de ninguém.

E a saída dos filhos que não é obrigatória ,mas decorrente de seus desejos,é total ,como corolário da liberdade.

Os pais não teriam este direito?Certamente,mas levando em conta os direitos dos filhos,se estes seguissem estes princípios supra-ditos.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário