terça-feira, 12 de março de 2024

Wittgenstein

 

Tractatus

1-O mundo é tudo o que ocorre

Eu já li traduções um pouco diferentes desta afirmação inicial do Tractatus.Em algumas traduções se diz: “tudo o que ocorre no mundo são fatos”.

Esta tradução acima  nos induz a pensar não em termos de fatos,mas de fenômenos.Não é a mesma coisa?Sutilmente não.

Etimologicamente nós podemos igualar mas aquilo que ocorre tem um sentido de fenômeno,como é tratado na ciência.

Como Wittgenstein está se referindo a tudo ,outros tipos de fenômenos parecem ficar de fora deste assertiva,mas não ficam não, evidentemente, porque ele se refere a tudo.

Mas também não é  numa perspectiva só filosófica do Ser,mas na perspectiva da lógica,da relação do sujeito com “este”(dassein?) mundo.

Se fosse só com o Ser,com tudo aquilo que existe ou se põe como existente,na acepção de Heidegger,haveria uma limitação da problemática posta pelo Tractatus.

Aqui nós temos a questão do objeto,dos fatos propriamente ditos(inclusive sociais),dos fenômenos,das coisas e do...Ser,visto como estas múltiplas manifestações possíveis.

Para Wittgenstein e seus seguidores o tratactus é uma obra filosófica,mas os críticos o vêem como um tratado de lógica e se analisarmos as circunstâncias de formação deste livro e do pensamento de Wittgenstein,nós veremos que há um ruido entre o que ele quis fazer e o que é realmente a sua obra.Ele queria uma obra filosófica,mas é um tratado de lógica.

Wittgenstein parece ter se associado(mas não só),àquele conceito heideggeriano de falatório ,aquilo que são apenas palavras sem conteúdo,sem finalidade,mas tanto na visão deste último como na dele é um pouco de pretensão pensar que a humanidade vai se limitar a dizer só verdades factuais.

Isto põe o problema de que as verdades subjetivas e as construções discursivas têm um papel de per si decisivo e que esta  proposta de Wittgenstein não escapa de um certo cientificismo de sua época,um apego já um tanto inadequado á verdade objetiva ,em detrimento de outras habilidades humanas,como a imaginação.

Esta crítica vale também para Heidegger e me lembra muito a questão  literária que opôs a contenção e Graciliano à profusão criativa de Jorge Amado ,que,no fundo,não escondia um vezo autoritário(totalitário/repressor) de impedir as pessoas de “ jogar conversa fora”,quando o certo era seguir as “verdades “ da ideologia.

O que importa é superar a miséria e o resto não tem importância.Tem sim.


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