Tractatus
1-O
mundo é tudo o que ocorre
Eu
já li traduções um pouco diferentes desta afirmação inicial do Tractatus.Em
algumas traduções se diz: “tudo o que ocorre no mundo são fatos”.
Esta
tradução acima nos induz a pensar não em
termos de fatos,mas de fenômenos.Não é a mesma coisa?Sutilmente não.
Etimologicamente
nós podemos igualar mas aquilo que ocorre tem um sentido de fenômeno,como é
tratado na ciência.
Como
Wittgenstein está se referindo a tudo ,outros tipos de fenômenos parecem ficar
de fora deste assertiva,mas não ficam não, evidentemente, porque ele se refere
a tudo.
Mas
também não é numa perspectiva só
filosófica do Ser,mas na perspectiva da lógica,da relação do sujeito com “este”(dassein?)
mundo.
Se
fosse só com o Ser,com tudo aquilo que existe ou se põe como existente,na acepção
de Heidegger,haveria uma limitação da problemática posta pelo Tractatus.
Aqui
nós temos a questão do objeto,dos fatos propriamente ditos(inclusive sociais),dos
fenômenos,das coisas e do...Ser,visto como estas múltiplas manifestações possíveis.
Para
Wittgenstein e seus seguidores o tratactus é uma obra filosófica,mas os críticos
o vêem como um tratado de lógica e se analisarmos as circunstâncias de formação
deste livro e do pensamento de Wittgenstein,nós veremos que há um ruido entre o
que ele quis fazer e o que é realmente a sua obra.Ele queria uma obra
filosófica,mas é um tratado de lógica.
Wittgenstein
parece ter se associado(mas não só),àquele conceito heideggeriano de falatório ,aquilo
que são apenas palavras sem conteúdo,sem finalidade,mas tanto na visão deste
último como na dele é um pouco de pretensão pensar que a humanidade vai se
limitar a dizer só verdades factuais.
Isto
põe o problema de que as verdades subjetivas e as construções discursivas têm
um papel de per si decisivo e que esta
proposta de Wittgenstein não escapa de um certo cientificismo de sua época,um
apego já um tanto inadequado á verdade objetiva ,em detrimento de outras
habilidades humanas,como a imaginação.
Esta
crítica vale também para Heidegger e me lembra muito a questão literária que opôs a contenção e Graciliano à
profusão criativa de Jorge Amado ,que,no fundo,não escondia um vezo autoritário(totalitário/repressor)
de impedir as pessoas de “ jogar conversa fora”,quando o certo era seguir as “verdades
“ da ideologia.
O
que importa é superar a miséria e o resto não tem importância.Tem sim.
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