Em
seu romance “ os demônios”,logo no inicio,um seu personagem,Chatov brada contra
os intelectuais russos: “Não se pode amar o que não
se conhece, e eles não entendiam patavina do povo russo! Eles todos, assim como
o senhor, faziam vista grossa ao povo russo, sobretudo Belínski, e aquela mesma
carta dele para Gógol deixa isso bem claro(...)”.
Esta afirmação é uma das coisas mais importantes do movimento
social,desde o século retrasado(incluindo socialistas e comunistas):de modo geral
este movimento sempre desconheceu as condições dos povos e se moveu por um
impulso de vontade de tomar o estado ,sob as mais diversas justificativas e interesses
difusos(para não dizer eventualmente escusos).
O marxismo me pareceu desde sempre um movimento baseado no
conhecimento do real.Quem lê meus artigos sabe que não penso mais assim.
Contudo, ainda vejo que ,em essência,o pensamento de Marx , na sua
origem,nunca se deixou levar por este voluntarismo,que é visto nos nazistas(o Triunfo
da Vontade).
Mostro frequentemente esta base e a recupero diuturnamente.Mas
então porquê o marxismo ficou refém disto aí?(além de outros setores do
movimento?)
Eu já dei as respostas a esta pergunta.Eu a fiz de novo para ressaltar
algo que permanece em todo lugar e especialmente no Brasil:aqui como em muitos
lugares o militante de vanguarda importa modelos de fora,porque não estuda a sua realidade e
não o faz porque no mínimo constatará que há diante dele um longo caminho para
ser aceito e mudar a sociedade(se o for).
Assim ele prefere se identificar com Mao-Tsé-Tung,Marx,Fidel
Castro e esconder a sua intenção autoritária numa tomada do estado,que
supostamente solucionaria os problemas do povo.
Hitler disse ao ministro Ribentrop
,após invadir a Polônia,que ninguém ia se
importar com o fato ,depois de os alemães vencerem. Tudo se normalizaria
e naturalizaria como fait Acompli .
A vanguarda comunista ,baseada na concepção Marxista e Luckacsiana
da “ consciência de classe”,pensa que depois da tomada do estado e distribuição
dos bens escassos produzidos pelos mais desfavorecidos,os convencerá,bem como a
todos,da justeza de sua iniciativa voluntária.
Mas isto não é bem assim.
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