A posição injusta de Tolstoi em
relação Shakespeare é que ele entendia que o bardo inglês expressava interesses
de classe.A sua visão é um pouco limitada pelo século em que viveu,em que vicejavam
formas de preconceito,no rastro do milenarismo,que era parte também da sua
psicologia,calcada na religião.
O eventual comprometimento de um
autor com uma classe não necessariamente o invalida.Max Beer em sua “ História
do socialismo” acusa Shakespeare de desrespeito aos camponeses e aos mais
pobres,colocando-lhes caracteristicas ruins e baixas ,mas se o leitor observar em
muitos momentos Shakespeare mostra sim o caráter humano destas figuras.
No Rei Lear ,v.g, o bobo é
encarregado de mostrar o erro de um dos vassalos que foi para o cepo.A
obediência excessiva leva a estes transtornos.Eu voltarei à questão.
O outro momento sublime e
polêmico de Tolstoi é “ Anna Karenina”:eu já ouvi que este romance é um “novelão”,um
roteiro avant la lettre para filmes de sessão da tarde ou novelas
latinas,inclusive aqui no Brasil.E é possível usá-lo assim, mas tirando-lhe
o conteúdo e a mensagem fundamental.
A mensagem deste romance é a
discussão psicológica sobre a guerra como válvula de escape para pessoas(inclusive
da aristocracia)oprimidas pelas convenções sociais.
Estas convenções tiram de Anna o
seu filho querido,o que já um baque.Mas depois,mesmo junto ao seu amor ,a heroína
se sente abandonada e desvalorizada o que a faz suicidar-se.Analisarei
proximamente este suicídio.
Tal problemática já aventara Tolstoi
em “ Guerra e Paz”,na figura de Bolkonski,o qual não se protege na batalha de
Austerlitz ,esperando morrer,o que ocorre muito tempo depois.
Mas em “ Anna Karenina”tal
análise torna-se mais profunda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário