quarta-feira, 27 de março de 2024

Os quatro santos da Rússia Tolstoi e seu “ problema”

 

A posição injusta de Tolstoi em relação Shakespeare é que ele entendia que o bardo inglês expressava interesses de classe.A sua visão é um pouco limitada pelo século em que viveu,em que vicejavam formas de preconceito,no rastro do milenarismo,que era parte também da sua psicologia,calcada na religião.

O eventual comprometimento de um autor com uma classe não necessariamente o invalida.Max Beer em sua “ História do socialismo” acusa Shakespeare de desrespeito aos camponeses e aos mais pobres,colocando-lhes caracteristicas  ruins e baixas ,mas se o leitor observar em muitos momentos Shakespeare mostra sim o caráter humano destas figuras.

No Rei Lear ,v.g, o bobo é encarregado de mostrar o erro de um dos vassalos que foi para o cepo.A obediência excessiva leva a estes transtornos.Eu voltarei à questão.

O outro momento sublime e polêmico de Tolstoi é “ Anna Karenina”:eu já ouvi que este romance é um “novelão”,um roteiro  avant la lettre  para filmes de sessão da tarde ou novelas latinas,inclusive aqui no Brasil.E é possível usá-lo assim, mas tirando-lhe o conteúdo e a mensagem fundamental.

A mensagem deste romance é a discussão psicológica sobre a guerra como válvula de escape para pessoas(inclusive da aristocracia)oprimidas pelas convenções sociais.

Estas convenções tiram de Anna o seu filho querido,o que já um baque.Mas depois,mesmo junto ao seu amor ,a heroína se sente abandonada e desvalorizada o que a faz suicidar-se.Analisarei proximamente este suicídio.

 

Tal problemática já aventara Tolstoi em “ Guerra e Paz”,na figura de Bolkonski,o qual não se protege na batalha de Austerlitz ,esperando morrer,o que ocorre muito tempo depois.

Mas em “ Anna Karenina”tal análise torna-se mais profunda.

 

 

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