quinta-feira, 6 de março de 2025

Massacrados

 

Não é pelo fato de que a ciência explica a exploração que devemos esquecer  a percepção do sofrimento.Eu já expliquei esta questão trabalhando com Kant:a linguagem não restitui o mundo,mas a percepção sensível nos mostra parte dele,o qual revela-o.

A percepção mais firme e decisiva é a do sofrimento,que nos impulsiona para a relação.Metendo Aristóteles no terreiro de Kant,nós podemos dizer que o homem oscila entre o reconhecimento deste sofrimento e a  sua explicação,mas há uma rutura entre eles,sempre ameaçando a relação.

O esquecimento do sofrimento,criticado por São Paulo é uma forma,ou a forma pela qual se estabelece na subjetividade esta rutura,este...descompromisso.

A questão é saber como levar para a linguagem esta relação e este reconhecimento da sensibilidade.

Kant parece ter apontado o caminho ,mas a rigor a linguagem dele é explicativa também e  ele só aponta o problema.

Curiosamente um pensador tantas vezes criticado por seu individualismo,como Nietzsche ,me parece estar mais próximo desta identificação entre a percepção e a linguagem.

Só que ele sacrifica a explicação optando por uma linguagem poética,descritiva,narrativa,que estabeleceria uma relação equânime entre estes dois lados.

Nietzsche sempre fala por narrativas,por demonstrações do real,com imagens.Nunca racionaliza ou explica o que é,por exemplo,o amor.

Sempre retrata-o nas suas diferentes manifestações ,com as suas consequencias,positivas ou negativas.

Tal resolve o problema?Pelo menos os dois lados se aproximam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário