sábado, 8 de março de 2025

O inventário das dicotomias Pascal

 

Pascal entendia o homem como um caniço que pendia para o mundo e pendia para si mesmo.

Isto nos leva a pensar neste verbo:pender.Vem da raiz latina pondere  “pensar sobre” alguma coisa.Daí é que vem responsabilidade ,resposta,responder.

Significam ponderar sobre a coisa,ponderar sobre o que acontece.

A ética de Pascal é a da responsabilidade,diante de um mundo em que a presença de Deus já não é tão reconhecida assim como óbvio,espicaçando de dúvidas um cristão sincero como o filósofo.O filósofo do Deus absconso ,isto é,escondido,caché em francês.

Pender está no mesmo diapasão:aquilo que pondera é porque pende para a realidade do mundo,onde está também esta subjetividade,que realiza todas estas complexas tarefas.

Assim como Descartes estabelece uma outra forma de relação com o mundo,construindo o sujeito e o objeto,o  cogito ,Pascal focaliza na passagem entre estes dois momentos e do ponto do ethos humano ,mostra como o ser humano se encontra na busca de uma certeza reconfortadora,que a objetividade,como dissemos,não existe mais.

Diferentemente de Descartes ele não tem mais confiança no objeto cognoscível ,mas só num novo homem à procura da certeza.Sem necessariamente encontrá-la.

A proposta da aposta pascalina não elimina o risco,a dúvida,em relação a Deus e só a fé consegue um elemento,tênue que seja, de certeza frente a este Deus obscurecido pela natureza e pela ciência.

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