quinta-feira, 6 de março de 2025

Massacrados

 

Muita gente não entendeu o que eu disse no artigo anterior,especialmente no que tange à Aristóteles.

Em primeiro lugar uma coisa é o sentimento do mundo,como Drummond dizia,outra a sua explicação,que nunca alcança este sentimento e o mundo.

Em segundo lugar e como corolário, o ser humano está entre estes dois fogos:a percepção e a explicação.

Sempre os filósofos trabalharam de um jeito ou de outro com a relação do homem com o mundo.Pascal ,Aristóteles,Leibnitz,Nietzsche sempre trabalharam com esta dicotomia básica do homem frente ao mundo.

Quando citei Aristóteles no âmbito do problema do sofrimento eu quis dizer que o ser humano se mantém prudentemente entre o seu esquecimento e a sua lembrança.

Não há como viver no sofrimento o tempo todo,nem há como esquecê-lo.

O esquecimento,no entanto,pode revelar muitas coisas e  a lembrança outras,mas eu não diria que aí estaria a diferença entre uma boa pessoa e outra má.

Contudo no plano geral da humanidade,não no plano individual,o esquecimento é viver só o momento,o presente,sem se lembrar das suas questões coletivas.

O esquecimento é o fim da utopia;a lembrança é a sua continuidade.

Supondo que o engajamento geral seja possível ,esquecer é culpa quanto a esta utopia.Supondo não ser possível o engajamento geral,a postura de esquecimento não tem nada de mais,a não ser dar de ombros para o sofrimento.

Mas este foi o meu objetivo ao falar de Aristóteles.O homem é uma passagem,uma nonada,como diria Guimarães Rosa.Está entre dois fogos,sempre.

 

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