Muita
gente não entendeu o que eu disse no artigo anterior,especialmente no que tange
à Aristóteles.
Em
primeiro lugar uma coisa é o sentimento do mundo,como Drummond dizia,outra a
sua explicação,que nunca alcança este sentimento e o mundo.
Em
segundo lugar e como corolário, o ser humano está entre estes dois fogos:a
percepção e a explicação.
Sempre
os filósofos trabalharam de um jeito ou de outro com a relação do homem com o
mundo.Pascal ,Aristóteles,Leibnitz,Nietzsche sempre trabalharam com esta
dicotomia básica do homem frente ao mundo.
Quando
citei Aristóteles no âmbito do problema do sofrimento eu quis dizer que o ser
humano se mantém prudentemente entre o seu esquecimento e a sua lembrança.
Não
há como viver no sofrimento o tempo todo,nem há como esquecê-lo.
O
esquecimento,no entanto,pode revelar muitas coisas e a lembrança outras,mas eu não diria que aí
estaria a diferença entre uma boa pessoa e outra má.
Contudo
no plano geral da humanidade,não no plano individual,o esquecimento é viver só
o momento,o presente,sem se lembrar das suas questões coletivas.
O
esquecimento é o fim da utopia;a lembrança é a sua continuidade.
Supondo
que o engajamento geral seja possível ,esquecer é culpa quanto a esta utopia.Supondo
não ser possível o engajamento geral,a postura de esquecimento não tem nada de
mais,a não ser dar de ombros para o sofrimento.
Mas
este foi o meu objetivo ao falar de Aristóteles.O homem é uma passagem,uma
nonada,como diria Guimarães Rosa.Está entre dois fogos,sempre.
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