Quando
eu era professor(embora ainda seja),nas aulas de filosofia, eu costumava
brincar com os alunos: “prestem atenção em mim agora,porque esta pessoa que
vocês estão vendo vai ser outra em um segundo”.
Todo
mundo ficava estupefacto.
E
aí mostrava a razão da minha assertiva,da minha previsão:eu me coçava e “
tirava” algumas células de meu corpo e me tornava alguém diferente daquele que
ainda não se coçara.
Após
o riso geral eu mostrava como isto tem a ver com a filosofia e com algumas de
suas categorias fundamentais.
O
tempo,a dissolução do Ser,o Ser e sua natureza.Tudo isto e mais alguma coisa se
apresentava diante do que eu fizera,até mesmo a referida previsibilidade.
Mas
o primeiro problema colocado pelos alunos era o fato de que eu permanecia como
Ernesto,professor,apesar de diferente.
Isto
era um mote para discutir a aufhebung de Hegel,mas antes de entrar neste
filósofo eu respondia à questão:certo,eu sou ainda o Ernesto,mas não aquele
igual a antes da coçada,como não seria se colocasse uma pinta ou fizesse piercing.
Não
se há de negar que cada atividade desta formaria diversos Ernestos diferentes,que
não afastam o principal,mas qual principal?Se é da natureza das coisas o
movimento e portanto,a mudança?
Quando
não se admitia o movimento era possível pensar numa integralidade,que já era
falsa,porque desde sempre o mundo(o Ser) se movimenta e muda.
O
não-movimento é uma ilusão e uma imagem falsa aquela que coloca diversos pontos
não interligados:
.
. . . . . . . . . . .
Entre
estes pontos existe algo que os liga?
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