segunda-feira, 17 de março de 2025

Quando eu era professor

 

Quando eu era professor(embora ainda seja),nas aulas de filosofia, eu costumava brincar com os alunos: “prestem atenção em mim agora,porque esta pessoa que vocês estão vendo vai ser outra em um segundo”.

Todo mundo ficava estupefacto.

E aí mostrava a razão da minha assertiva,da minha previsão:eu me coçava e “ tirava” algumas células de meu corpo e me tornava alguém diferente daquele que ainda não se coçara.

Após o riso geral eu mostrava como isto tem a ver com a filosofia e com algumas de suas categorias fundamentais.

O tempo,a dissolução do Ser,o Ser e sua natureza.Tudo isto e mais alguma coisa se apresentava diante do que eu fizera,até mesmo a referida previsibilidade.

Mas o primeiro problema colocado pelos alunos era o fato de que eu permanecia como Ernesto,professor,apesar de diferente.

Isto era um mote para discutir a aufhebung de Hegel,mas antes de entrar neste filósofo eu respondia à questão:certo,eu sou ainda o Ernesto,mas não aquele igual a antes da coçada,como não seria se colocasse uma pinta ou fizesse piercing.

Não se há de negar que cada atividade desta formaria diversos Ernestos diferentes,que não afastam o principal,mas qual principal?Se é da natureza das coisas o movimento e portanto,a mudança?

Quando não se admitia o movimento era possível pensar numa integralidade,que já era falsa,porque desde sempre o mundo(o Ser) se movimenta e muda.

O não-movimento é uma ilusão e uma imagem falsa aquela que coloca diversos pontos não interligados:

. . . . . . . . . . . .

Entre estes pontos existe algo que os liga?

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