domingo, 9 de março de 2025

O inventário das dicotomias Descartes

 

Eu não ia incluir Descartes neste trabalho,neste inventário,mas analisando Pascal vi que é importante estudar a dicotomia sujeito/objeto.

A criação da racionalidade...o momento em que o homem racional se reconhece como tal.Se duvido,penso,penso ,logo existo.

A existência depende desta razão que caminha com evidências.Ela não corre sozinha,mas dependente da razão.

Aqui está a grandeza e a limitação de Descartes:a razão nasce com ele mas o existir se submete a um critério explicativo,que Sartre mostrará depois ser impossível.

Não sou daqueles  que não gostam de Descartes.Gosto sim,porque ele é fundamental.

Mas é um dos filósofos  com mais limitações de época que existem.Ele é como Marx e fica tentando ultrapassar uma visão de mundo limitada pelo sujeito que observa a natureza,por recorrer à religião,a Deus.

Descartes era anti-ateista.O positivismo no século XIX tentou torná-lo como um precursor do mais deslavado ateísmo,mas ele originalmente era cristão e considerava que só uma visão consequente de Deus ,poderia enfeixar todos os impasses que a observação da natureza punha:Descartes sofre dos mesmos problemas de consciência de Pascal,mas a solução busca adequar Deus a este racionalismo,do qual não tem como sair.

A descoberta do cogito é uma coisa,outra o que este cogito faz diante de uma natureza que já não é aquela da idade media:é infinita supostamente,complexa,quiçá inabarcável,contendo mistérios nunca antes conhecidos e até então não revelados.

O máximo de racionalismo esbarra na inevitabilidade de seu limite,porque quanto se conhece,menos se sabe.

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